Como o fisioterapeuta pode tratar o paciente após a infecção pelo Coronavírus?

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Muito tem se falado sobre o novo coronavírus, sobre formas de prevenção de contágio, sobre os impactos da pandemia para o sistema de saúde, e sobre o manejo dos pacientes infectados.

Mas uma coisa que devemos começar a discutir urgentemente é o manejo desses pacientes após a infecção.

Isso mesmo!

O que acontecerá com os pacientes graves, que precisarem de hospitalização e de cuidados intensivos, ou mesmo ventilação mecânica, por vários dias?

O que acontecerá com pacientes que ficarem debilitados, fracos, após a internação prolongada, ou que ficarem com sequelas devido ao imobilismo?

O que acontecerá com pacientes que ficarem com sequelas pulmonares, devido à pneumonia pelo novo corona vírus?

Esses pacientes vão começar a ser “devolvidos” à comunidade, aos seus lares e chegarão às mãos dos profissionais de saúde com demandas muito específicas a serem sanadas.

Como então o fisioterapeuta pode ajudar esses pacientes a recuperarem sua plena funcionalidade, a lidar com o retorno às atividades e à reduzir os impactos da doença?

É exatamente sobre isso que vamos falar nesse texto!

Essas e outras perguntas você vê respondidas aqui, e discutiremos como o fisioterapeuta pode ajudar em longo prazo, os pacientes em recuperação da COVID-19.

Este artigo faz parte de uma série de três, se você ainda não leu os anteriores, clique no link

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O paciente curado teoricamente não pode ser infectado novamente

Isso é o primeiro ponto importante a ser tratado.

Como sabemos, a exposição ao vírus resulta em provável imunidade do hospedeiro.

O que é importante ressaltar para o paciente é que, mesmo não sendo possível que ele sofra uma nova infecção pelo mesmo tipo de vírus que ele foi infectado anteriormente, ele ainda é vetor e pode carregar o vírus e contaminar outras pessoas.

Por isso, a educação em saúde é constante, mesmo em pacientes em fase de recuperação.

Uma das mais importantes e cruciais funções do fisioterapeuta, é a de difundir informações confiáveis.

Além disso, os pacientes devem ser orientados a manter os mesmos cuidados de isolamento, distanciamento social, uso de EPIs e demais medidas para o controle de infecções.

Isso significa manutenção das medidas preventivas, como:

  • Higienização das mãos com água e sabão, ou álcool em gel;
  • Proteger nariz e boca com a região interna dos cotovelos ao tossir ou espirrar;
  • Evitar tocar boca e olhos;
  • Manter distância social de no mínimo um metro.

As mesmas medidas de higienização da clínica, ou ambiente domiciliar, devem ser mantidas e o fisioterapeuta deve continuar evitando contato com secreções, utilizando luvas, óculos, máscaras e realizando a higienização das mãos.

E durante a infecção? O paciente pode ser atendido?

Caso o paciente apresente sintomas respiratórios, mas não necessite de internação hospitalar, o fisioterapeuta pode ser de grande valia em algumas situações importantes.

Primeiro, a educação em saúde, como mencionado anteriormente. Além dos aspectos de prevenção e controle de infecções, o fisioterapeuta pode, e deve orientar o paciente e os familiares sobre estratégias para manutenção da saúde global.

Essas orientações incluem informações sobre a realização de atividades físicas no domicilio, a manutenção de uma nutrição adequada, do sono regular e de uma saúde mental favorável.

O fisioterapeuta pode orientar o paciente em casa, em sua clínica, ou mesmo por telefone, através da teleconsulta.

A teleconsulta é uma modalidade de atendimento remoto muito utilizada em diversos locais do mundo, e foi autorizada pelo COFFITO no Brasil durante o período de isolamento social, devido à pandemia pelo novo corona vírus. No final deste artigo você tem o link para acesso ás normas do Coffito.

Atendimento domiciliar de pacientes com suspeita de infecção

Caso o paciente esteja sob suspeita de COVID-19 com sintomas leves da doença, o atendimento pode ser realizado em casa, desde que existam condições para que as devidas medidas preventivas sejam tomadas.

Ressaltamos que o atendimento deve ser avaliado caso a caso e considerado principalmente para pacientes que possuam funcionalidades muito reduzidas, idosos, pacientes com morbidades ou alguma condição limitante de base, além das situações onde a falta de atendimento será mais prejudicial ao paciente do que o risco de infecção.

Deve-se considerar ainda, se a família será capaz de aderir à todas as recomendações de segurança, e deve-se estabelecer uma boa comunicação e relação de confiança nesses casos.

De forma geral, os pacientes devem ser mantidos em ambientes bem ventilados e sua movimentação pela casa deve ser o mais limitada possível.

Os espaços comuns da casa devem ser bem ventilados e higienizados. A distância social mínima de um metro deve ser mantida também dentro de casa.

O paciente deve, ainda, utilizar máscara facial sempre que em contato com outras pessoas e os equipamentos de proteção individual adequados devem estar disponíveis para o fisioterapeuta.

Reabilitação fisioterapêutica após a COVID-19

Este já é um aspecto de suma importância na atuação do fisioterapeuta.

A reabilitação fisioterapêutica é parte crucial da recuperação do paciente. Além do fisioterapeuta, profissionais como o Terapeuta Ocupacional, o Fonoaudiólogo, o Nutricionista e o Psicólogo são parte da equipe multidisciplinar que acompanhará o paciente nessa fase.

Como grande parte dos pacientes hospitalizados pela COVID-19 permanece muito tempo em situação de imobilidade no leito, e muitos sob efeito de sedação e ventilação mecânica, a reabilitação motora e respiratória é fundamental para o retorno desses pacientes à sua vida normal.

Reabilitação motora de pacientes após a infecção por COVID-19

Os pacientes que sofrem da síndrome do imobilismo podem ficar com diversas sequelas motoras, que vão desde encurtamentos musculares até a perda importante de força e de função.

É comum que pacientes internados percam massa muscular e em consequência disto, sintam dificuldade em voltar às suas atividades diárias.

Nesses casos, uma avaliação física deve ser realizada para que o fisioterapeuta consiga mensurar os déficits e trabalhar focado nas necessidades de cada paciente.

O objetivo da reabilitação motora é sempre o de retornar o paciente à sua função prévia e de promover a funcionalidade, reduzindo a dor associada, quando presente.

Atenção geral deve ser dada à capacidade cardiovascular.

 Treinos de caminhada, exercícios resistidos com foco em atividades funcionais, devem nortear essa fase de reabilitação.

Reabilitação respiratória de pacientes após a infecção por COVID-19

Pacientes acometidos pela COVID-19 e que necessitem de hospitalização e cuidados intensivos passam por importante redução das capacidades pulmonares, o que gera impactos consideráveis na qualidade de vida desses indivíduos.

Pensando nisso, a reabilitação respiratória é fundamental para que esses pacientes recuperem suas capacidades pulmonares basais, ou o mais próximo possível disso.

Os principais objetivos da reabilitação respiratória, incluem melhora da falta de ar e do cansaço relatados pelo paciente, melhora das capacidades pulmonares, aumento da força muscular respiratória, melhoria da funcionalidade e, em última instância, melhora da qualidade de vida.

Dentre as principais técnicas, destacam-se:

Exercícios respiratórios

Os exercícios respiratórios são aliados fundamentais na recuperação das capacidades e volumes pulmonares.

Eles são fáceis de serem executados, podem ser realizados sem aparelhos e após uma boa sessão de educação, podem ser realizados de forma independente pelos pacientes, sem supervisão.

Espirometria de incentivo

O uso de espirômetros de incentivo para aumentos de volumes e capacidades pulmonares é mais do que comprovado.

 O espirômetro é um instrumento barato e acessível, que promove feedback visual e possibilidade de progressão da intensidade da terapia, conforme a melhora do paciente.

É um recurso interessante para ser utilizado com pacientes que possuam condições para tal.

 Deve-se observar, no entanto, que muitos pacientes necessitam de supervisão ao realizar exercícios com o espirômetro de incentivo, pois a realização correta dos mesmos é fundamental para a eficácia da terapia.

Empilhamento de ar

O empilhamento de ar realizado com ressuscitador manual pode ajudar no aumento das capacidades pulmonares e é uma alternativa de tratamento para pacientes pós internação hospitalar prolongada.

Técnicas com pressão positiva

As técnicas com pressão positiva são excelentes alternativas para a recuperação das capacidades

pulmonares perdidas após internações, principalmente no caso de pacientes que possuam redução da força da musculatura respiratória.

Temos diversos aparelhos que realizam esse tipo de terapia, como o Power Breath, por exemplo. Mas nem sempre esses aparelhos são acessíveis e dentro da realidade dos pacientes.

Uma possibilidade interessante que pode ser utilizada em qualquer cenário, desde que o paciente tenha compreensão mínima para realizar os exercícios, é a utilização de PEEP selo d’água. Um copo cheio de água e um canudo são suficientes para trabalhar a expansão pulmonar de forma eficaz.

Ventilação não invasiva

Em alguns casos, os pacientes que passam pela internação hospitalar, se encontram em um momento de fraqueza muscular respiratória em que precisam de um suporte ventilatório para descanso da musculatura.

Cabe ao fisioterapeuta, juntamente com a equipe multidisciplinar, avaliar a necessidade de uso de VNI, apenas como ponte e para evitar nova falência respiratória. O uso da VNI deve ser apenas para descanso da musculatura, por períodos limitados, associado sempre ao treino muscular e deve ser interrompido tão logo o risco de insuficiência respiratória seja afastado.

A avaliação do paciente após a infecção por COVID-19

É de suma importância que o fisioterapeuta realize uma avaliação completa após a alta desse paciente, para então, juntamente com a família, traçar os objetivos da reabilitação e definir as melhores técnicas para alcançar esses objetivos.

E você, já teve alguma experiência com pacientes com COVID-19?

Fale um pouco pra gente sobre ela nos comentários!

Referências

clinicareativacao.com.br/blog/atuacao-fisioterapeuta-corona-virus-covid19/

https://assobrafir.com.br/wp-content/uploads/2020/03/Papel-do-Fisioterapeuta_COVID-19_jus-1.pdf

https://www.cdc.gov/flu/professionals/infectioncontrol/resphygiene.htm

https://australian.physio/coronavirus

https://www.coffito.gov.br/nsite/?p=15828

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