Descubra Como Lidar com a Carga de Uma Vez Por Todas – Parte 1

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Carga: A causa e a solução dos problemas dos fisioterapeutas

Descubra como lidar com a carga de uma vez por todas. Este é o primeiro de uma série de artigos que serão publicados sobre este tema aqui no Portal.

A CAUSA

Treinar carga é uma das variáveis mais importantes a ser considerada quando investigamos as causas de uma lesão. O termo “carga”, analisado de forma simples, descreve o quanto o corpo precisa trabalhar para realizar determinada atividade.

Embora muito importante a ser considerada em atletas, podemos considerar também um elemento fundamental a ser pesado nas lesões de pessoas normais, que não praticam esportes. A carga total aplicada ao corpo pode ser influenciada por inúmeras variáveis, dentre elas:

  • Duração e/ou distância: O tempo total, ou a distância total, acumulados como parte de um treinamento ou atividade. Devemos considerar a carga em termos de uma sessão única de treinamento, ou em relação ao total de carga durante um longo período de tempo;
  • Intensidade: A intensidade da carga tem relação com o quanto o corpo precisa trabalhar para realizar a atividade proposta. A intensidade também pode ser descrita em termos de velocidade, em atividades como corrida, ciclismo ou natação. Quanto mais rápido nos movemos, maior a intensidade da carga ao qual o corpo está sendo submetido;
  • Frequência: Diz respeito ao quão frequente é uma atividade em particular, ou mesmo o quão frequentemente o paciente realiza qualquer tipo de atividade, informação especialmente importante quando tratamos pacientes em períodos de recuperação de lesões;
  • Natureza da atividade ou tipo da atividade: Essa informação é relevante principalmente se o paciente modificou o tipo de atividade e/ou treinamento recentemente. Mudanças nas atividades habituais geram mudanças na carga imposta sobre o corpo, podendo levar à novas lesões.

Mudanças em uma, duas, ou todas essas variáveis irão influenciar significativamente o total da carga de treinamento, ou a carga à qual o corpo está sendo submetido regularmente.

O corpo humano é uma máquina fantástica, capaz de se adaptar a demandas variáveis e crescentes impostas diariamente a ele. No entanto, na maioria das vezes, uma adaptação completa demora, principalmente quando mudamos de forma significativa as variáveis acima descritas.

Quando a demanda imposta sobre o corpo é maior do que o que os tecidos são capazes de suportar, ou seja, quando existe uma sobrecarga do sistema, dor e lesões estão mais propensas a acontecer.

Esses princípios podem ser aplicados tanto para atletas quanto para não atletas.

Frequentes na prática clínica do fisioterapeuta são as queixas de dor nas costas, joelho, punho, ombros. Essas queixas geralmente aparecem após o paciente ter feito algo que não fazia por muito tempo, ou ter exagerado em alguma atividade.

O próprio paciente, na maioria das vezes, consegue apontar a origem do problema sozinho.

“Eu foi eu pegar meu netinho no colo ontem e pronto, acordei com as costas travadas”.

Hoje em dia, mais frequente ainda são os casos de pessoas que procuraram iniciar um estilo de vida mais ativo, começaram a correr, ou a fazer crossfit por exemplo e acabaram por exceder a carga que o corpo era capaz de aguentar, ou seja, geraram sobrecarga sem tempo adequada para adaptação, gerando dor e lesão.

Quando recebemos pacientes assim, com problemas relacionados à sobrecarga, eles podem ser divididos em duas categorias diferentes:

  • Pacientes que treinam regularmente, porém alteraram algo na sua rotina de treinos, seja duração, frequência, intensidade, etc.
  • Pacientes que iniciaram uma atividade completamente nova.

A SOLUÇÃO

Veremos, agora, o outro lado da moeda.

Quando um paciente chega na nossa clínica ou consultório queixando-se de dor sem causa óbvia, é nossa obrigação investigar mais a fundo para tentar encontrar as possíveis causas para o problema.

A primeira coisa que devemos fazer é perguntar sobre os tipos de atividades que o paciente usualmente realiza, ou se algo mudou em sua rotina de treinos, ou de dia a dia.

Entender exatamente o que o paciente faz, como ele faz, com que frequência e com qual intensidade, nos ajuda a encontrar o momento onde as coisas começaram a desandar. Ainda nos permite modificar algumas – ou todas, se necessário – dessas variáveis de forma a permitir a continuidade do treinamento, mesmo que de forma reduzida, para manutenção da atividade.

Isso é o ideal

Às vezes, os pacientes necessitam de um período de descarga para permitir que os tecidos se acomodem e se adaptem completamente às demandas impostas à eles. Esse momento de descarga pode ser repouso ou modificação das atividades, dependendo do caso e do paciente.

Essa descarga também pode significar evitar apenas algumas atividades específicas que foram apontadas como geradoras do problema.

É entendendo o que está acontecendo no corpo do paciente que somos capazes de manipular as cargas à ele impostas de forma a manter o treinamento em algum grau, enquanto recuperamos a lesão. Ou ainda, uma recuperação adequada pode ser atingida com a aplicação de cargas adequadas.

O corpo se adapta às cargas às quais ele é submetido, e se nenhuma carga é aplicada, nenhuma adaptação é gerada. Isso explica porque os astronautas perdem massa muscular no espaço.

Dessa forma, podemos tratar algumas condições, como a osteoporose e tendinopatias crônicas através da aplicação de cargas, de forma a estimular a adaptação do corpo, para que esse resista às cargas e se recupere.

Nesses casos, a carga aplicada deve ser prescrita com precisão, da forma correta, e na quantidade correta, de forma a não piorar a condição de base, e agravar a lesão e os sintomas.

Em outras palavras, o controle específico das variáveis relacionadas à carga ajuda a solucionar o problema, enquanto a sobrecarga de fato o faz piorar.

Por isso que o repouso em nada ajuda na recuperação da lesão em longo prazo, e de forma oposta, leva ao enfraquecimento muscular, e perda de função de estruturas como tendões e ligamentos, se feito por tempo prolongado.

Um breve resumo

A “sobrecarga” pode acontecer por diversos motivos, como mudanças repentinas nas atividades habituais, e podem levar a dor e lesões, pois o corpo não está acostumado com aquele volume de carga total.

O melhor conselho é sempre aumentar as variáveis relacionadas à carga de forma gradual, para permitir que o corpo tenha tempo de se adaptar adequadamente ao aumento na demanda.

Essa gradação é difícil de ser determinada, e deve sempre ser feita individualmente, através da análise da resposta do paciente à atividade.

O fisioterapeuta, tem o compromisso de conhecer o nível de atividade dos seus pacientes de forma profunda, para entender o que pode estar contribuindo para o surgimento do problema, da dor e da lesão.

A partir desse conhecimento, devemos ser capazes de modificar as variáveis de carga de forma a permitir que o paciente continue participando o máximo possível de suas atividades normais, ao mesmo tempo em que se recupera efetivamente da lesão.

Adaptado de: http://emcphysio.com.au

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