5 Fatores Sobre Bandagens Que Todo Fisioterapeuta Deveria Saber

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As Bandagens são a evolução do Enfaixamento Funcional

O conceito das bandagens surgiu do enfaixamento funcional que começou com o uso de faixas de tecido para estabilização de segmentos corporais mesmo antes da fisioterapia existir.

Hoje, temos muito mais tecnologia e várias pesquisas são desenvolvidas com o objetivo de melhorar o cuidado e oferecer tipos de bandagens eficazes para o tratamento dos pacientes, que são usadas para diferentes propósitos.

A Bandagem Neurofisiológica

A Bandagem Neurofisiológica é uma bandagem com o objetivo de modificar a percepção dolorosa, propriocepção, controle motor e o sistema linfático, como o resulta do input sensorial criado através do seu contato com a pele.

Essa abordagem pode utilizar a bandagem rígida, ou, mais comumente, uma bandagem elástica, aplicada no músculo relaxado. A hipótese é a de que os variados graus de elasticidade e tensão aplicados na bandagem criam dobras na faixa e, consequentemente, na pele, criando um espaço que auxilia na circulação, e reduz pressão e dor em estruturas sensíveis.

Existem, ainda, evidências conflitantes na literatura em relação ao efeito de excitabilidade do neurônio motor desse tipo de bandagem, e revisões sistemáticas têm reportado homogeneidade insuficiente nos estudos em relação ao acompanhamento, desfechos clínicos, e qualidade dos dados.

No entanto, as evidências sugerem, um alívio da dor a curto prazo. Efeitos na atividade eletromiográfica muscular (AEM) e cinemática do movimento ainda não estão bem embasados.

Alguns estudos de caso mostraram efeitos positivos na AEM, mas essas técnicas parecem ser uma mistura entre efeitos neurofisiológicos e biomecânicos, ao contrário do que apenas efeitos neurofisiológicos, como o nome da bandagem sugere.

A Bandagem Biomecânica

É o tipo de bandagem com abordagem biomecânica que visa modificar os padrões de movimento pela restrição do movimento, com o objetivo de evitar lesões por movimentos excessivos ou indesejados, como por exemplo o uso de bandagem para resistir a translação lateral da patela para controle da dor patelo-femoral.

Não existe consenso na literatura sobre a aplicação dessa abordagem, e os resultados dessa aplicação dependem principalmente da região que recebe a bandagem, da técnica de aplicação, da condição clínica do paciente, do estágio da disfunção apresentada, e das medidas dos resultados.

No entanto, evidências razoáveis existem para corroborar o papel das bandagens rígidas para a modificação da AEM, das posturas estáticas, e da cinemática do movimento.

As bandagens adesivas elásticas também tem capacidade de reduzir a amplitude de movimento, como mostram alguns estudos feitos com a bandagem elástica para a redução e tratamento de lesões de tornozelo, e manejo da dor patelo-femoral.

Limitações dos Tipos de Bandagens Existentes

Os tipos de bandagens tradicionais tem propriedades que as fazem adequadas para o propósito para o qual elas foram desenvolvidas. Por exemplo, a bandagem rígida é eficaz na restrição da amplitude de movimento, enquanto a bandagem elástica cria elevações da pele que são fundamentais para a sua aplicação e seus efeitos.

No entanto, para algumas aplicações biomecânicas, existem diversos problemas na utilização dessas bandagens.

Os mais relevantes desses problemas são listados abaixo:

  1. Restrição de movimento indesejada.
    • As bandagens rígidas restringem o movimento, e frequentemente impedem que os indivíduos assumam as posturas necessárias para a realização plena das suas atividades, principalmente no caso de atletas.
    • De forma similar, as bandagens elásticas, apesar de possuírem elasticidade de cerca de 140% de seu comprimento original, possuem ainda um ponto final de limitação de movimento, a partir do qual se tornam rígidas. Além disso, elas apenas esticam no sentido do comprimento.
    • Para um efeito mecânico adequado, a bandagem deve ser aplicada na posição encurtada da musculatura, para que ela permita certo nível de movimento, promovendo sua desaceleração gradual.
  2. Capacidade reduzida em absorver cargas.
    • A carga é absorvida e dissipada através do movimento.
    • Se o tornozelo é enfaixado de forma a restringir seu movimento, por exemplo, a habilidade do tarso em assumir uma postura mais aberta de forma a se adaptar ao solo e dissipar a carga aplicada ao seguimento é reduzida.
    • As forças de reação do solo, então, precisam ser atenuadas por outro seguimento da cadeia cinética, sobrecarregando outras regiões do corpo.
  3. Incapacidade de promover a desaceleração do movimento através de toda a amplitude de movimento, sem restringi-la.
    • Ao restringir a movimentação de um segmento, a aplicação da bandagem, seja ela rígida ou elástica, promove estabilidade às custas de perda de amplitude de movimento.
    • Enquanto a bandagem rígida não possui componente elástico, desacelerando a impedindo a amplitude de movimento de forma abrupta, a bandagem elástica possui um recolhimento elástico fraco, e a amplitude de movimento completa depende da forma de aplicação da bandagem e do seguimento, e geralmente não é possível com o nível de elasticidade permitida pelo material.
    • Em algumas atividades como lançar algo, existe uma vantagem em ser capaz de gerar uma força de desaceleração extrínseca, de forma a reduzir a absorção de carga necessária intrinsecamente, o que não acontece com a maioria das bandagens.
    • Considerando ainda o mesmo movimento de lançamento, na fase de desaceleração, movimentos amplos são necessários em diversas articulações de modo a dissipar as forças geradas pela fase de aceleração. Esses movimentos ocorrem sequencialmente, de seguimento a seguimento, e envolvem membros inferiores, pelve, tronco, escápula, ombro, cotovelo, punho e mãos.
    • Uma distensão capsular forte ocorre na articulação glenoumeral. Uma bandagem muito forte, com um nível de elasticidade grande, poderia permitir a aplicação de uma força de desaceleração externa em múltiplas articulações.
    • Como uma força é necessária para desacelerar qualquer objeto, quando nenhuma bandagem é aplicada, 100% dessa força deve ser gerada intrinsecamente pelos músculos.
    • Quando uma bandagem é aplicada, no entanto, a resultante necessária de força a ser gerada pela musculatura seria igual a força necessária para desacelerar o movimento menos a força de desaceleração extrínseca gerada pela bandagem.
  4. Assistência funcional.
    • Pouca assistência ativa pode ser conseguida com os tipos de bandagens elásticas tradicionais, devido ao seu recolhimento fraco e às limitações mencionadas acima em face da elasticidade limitada.
  5. Fadiga da bandagem.
    • Diversos estudos mostraram que os efeitos positivos obtidos agudamente após a aplicação das bandagens atuais são perdidos ao longo do tempo, devido à uma perda de função das mesmas.

Esses são alguns questionamentos e problemas em relação à utilização das bandagens mais conhecidas e utilizadas no mercado. A análise destes pontos pode ser polêmica especialmente em decorrência das limitações destes tipos de bandagens.

Acompanhe esta série, pois vamos dar sequência neste tema começando por detalhar minuciosamente a Bandagem Dynamic Tape.

Nota: Esta é a primeira parte de uma série sobre Dynamic Tape e outras Bandagens. Se gostou, leia a segunda parte em que falamos sobre os 3 Conceitos que Fundamentam o Raciocínio da Dynamic Tape.

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