Prescrição de Exercício – Fundamentos para o Fisioterapeuta – Parte 1

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O que Todo Fisioterapeuta Deve Saber – Parte 1

Você sabe prescrever exercício?

Que o Fisioterapeuta é o profissional do movimento, todos já sabem ou deveriam saber…

Mas será que as pessoas pensam no fisioterapeuta quando ouvem a palavra “exercício”?

Em geral, a maioria das pessoas associa exercício ao educador físico. Elas pensam no exercício para pessoas saudáveis, que apenas querem se manter ativas, que querem malhar ou perder peso.

Mas e a prescrição de exercício para pessoas “doentes”?

Para quem não pode fazer qualquer tipo de atividade, ou que tem objetivos muito específicos com a pratica de exercício físico?

Faça 3 séries de 10 repetições!

Você provavelmente já falou a frase acima ou conhece alguém que já falou isto para algum paciente.

Tem fisioterapeuta que fala isto para todos os pacientes sem nem pensar se quer treinar resistência, força…

O Fisioterapeuta é um profissional altamente habilitado para a prescrição de exercício, em todas as suas formas. O triste é que muitos fisioterapeutas, com a correria da prática e com hábitos estabelecidos com anos de profissão, muitas vezes esquecem os fundamentos por trás da prescrição de exercícios físicos, e utilizam formas de treinamento engessadas, baseadas em protocolos padronizados para TODOS os pacientes.

E com certeza você sabe mais do que isto. E para refrescar a memória de quem está muito acostumado a usar o “3×10”, fizemos esse post para reunir os principais princípios para a prescrição de exercício físico.

Exercício Físico: Fundamentos para a Prescrição

Devemos levar em consideração alguns pontos cruciais ao prescrever qualquer exercício para os pacientes.

O primeiro deles diz respeito às respostas e adaptações cardiovasculares ao exercício.

O que é esperado? O que caracteriza uma resposta anormal? Até onde posso ir?

Esta primeira parte vem bem consolidada durante a graduação, as respostas fisiológicas do organismo ao exercício, e todos os fatores relacionados a isto.

Mas será que na prática, sabemos aplicar esses conceitos para a estruturação de uma boa sessão?

A segunda diz respeito à estruturação da sessão de treinamento.

E é ai que muitos fisioterapeutas pecam, as vezes sem querer, ou mesmo sem saber.

Então vamos te mostrar aqui como montar um treino para o seu paciente, baseando-se em recentes informações que a literatura oferece sobre o assunto.

O exercício, para os pacientes atendidos pelo fisioterapeuta, é como um remédio.

E como todo remédio, possui uma dose correta.

Da mesma forma que não se exercitar, se exercitar demais pode trazer prejuízos, principalmente para pacientes que já possuem limitações.

Como definimos a dose de um exercício? A dose tem relação com o tipo de exercício, com a frequência  de realização, com a intensidade e com a duração da atividade.

Um programa de treinamento completo deve ser constituído de:

  • Treinamento aeróbio;
  • Treinamento resistido;
  • Treinamento de flexibilidade.

Começaremos falando sobre o treinamento aeróbico.

Prescrição de Treinamento aeróbico

Assim como todo tipo de treinamento, o treinamento aeróbio possui diversos tipos, ou modalidades, como a caminhada, a natação, a dança…

A modalidade prescrita para o paciente dependerá de vários fatores, e deve ser individualizada de acordo com cada caso.

A frequência de treinamento deve ser maior ou igual a quatro vezes por semana para atividades com intensidade moderada, e três vezes por semana (ou menos) para atividades de alta intensidade.

A duração de uma sessão possui relação inversa com a intensidade do exercício, ou seja, quanto mais intensa uma atividade, menor deverá ser o tempo de sessão, e maior o intervalo de descanso.

O atualmente recomendado é: de 30 a 60 minutos por dia parra exercícios de moderada intensidade, e de 20 a 60 minutos por dia para exercícios de alta intensidade.

O recomendado pelas diretrizes brasileiras para existir um efeito benéfico, em relação às adaptações musculares, respiratórias e cardiovasculares, é acumular no mínimo 150 minutos por semana de exercício físico moderado.

No caso de exercícios de alta intensidade, esse número cai para 70 minutos.

Podemos definir a intensidade de um exercício com base na quantiddade de METs que ele gasta, com base no VO2 máximo, com base da frequencia cardíaca máxima, ou mesmo pela escala de BORG.

Podemos dividdir os exercícios em três grandes  categorias:

  • Leves: < 2 METs, ou < 30% do VO2 máximo;
  • Moderados: 3 a 6 METs, ou 45 a 65% do VO2 máximo;
  • Intensos: de 6 a 8 METs, ou de 65 a 85% do VO2 máximo;
  • Máximos: acima de 8 METs, ou acima de 85% do VO2 máximo.

Uma forma muito comum de prescrição de exercícios na prática é pela FC máxima, uma vez que ela pode ser facilmente obtida através de um teste de esforço, ou estimada por algumas equações preditivas.

As equações mais comuns são:

FCmax prevista= 220- idade

FCmax prevista = 208-(0,7x idade) (Tanaka et al.,2001)

Pode-se ainda realizar a prescrição da intenssidade de um exercícios aeróbico pela FC reserva

FCR=(FCmax – FC repouso)x(%alvo)+ FC repouso (Karvonen et al., 1957)

Existe uma correlação entre a prescrição pela FC máxima e pelo VO2 máximo, conforme figura abaixo:

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O padrão ouro para a prescrição da intensidade de um exercício, no entanto, é através do Limiar Ventilatório, ou Limiar Aeróbio (LA). O LA é o ponto no qual a VE aumenta desproporcionalmente ao aumento do VO2 e da carga.

Na prática, essa prescrição não é muito comum, pois a definição precisa do LA é feita apenas pela ergoespirometria. Como esse não é um exame disponível na grande maioria dos serviços, utiliza-se mais a prescrição acima descrita com base na FC máxima, ou de repouso.

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Podemos ainda dividir o exercício aeróbico entre aeróbico contínuo e aeróbico intervalado. O exercício contínuo é o tipo clássico de treinamento, e permite um maior volume de treinamento em intensidades mais baixas.

Já o exercício intervalado surgiu com o objetivo de melhorar a resistência com a realização de esforços intensos intercalados com intervalos de recuperação.

Conclusão

Os benefícios do treinamento intervalado incluem: o aprimoramento de ambos os metabolismos (aeróbio e anaeróbio) para demanda energética, o aumento do VS, hipertrofia cardíaca fisiológica, aumento da atividade vagal, maior capilarização periférica, dentre outros.

É caracterizado por um  volume de treinamento menor (frequência e duração),  com uma intensidade maior.

No próximo texto sobre prescrição de exercícios, falaremos sobre a prescrição das outras duas partes do treinamento: o treino resistido e o treino de flexibilidade. Enquanto esse texto não chega, deixo uma pergunta para discutirmos até semana que vem:
Alongar ou não alongar?

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