Você sabe escolher o eletrodo correto na eletroterapia?

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Encontramos-nos de novo para mais um texto da série sobre eletroterapia. Já conversamos anteriormente sobre os princípios físicos e aplicações das correntes elétricas. Agora, possuímos a base para entender a aplicação de qualquer tipo de corrente, seus usos e efeitos no organismo. Avançando um pouco mais em nosso estudo, falaremos um pouco sobre um componente super importante da eletroterapia, e muitas vezes negligenciado: o eletrodo.

O eletrodo nada mais é do que a interface entre o aparelho, ou seja, a corrente, que é a base da técnica a ser empregada, e o paciente. Se essa interface não funciona corretamente, ou não é escolhida de forma adequada, toda a terapia se torna inútil, e perde seu propósito e sua eficácia.

Para que isso não aconteça, e para que a terapêutica escolhida seja de fato benéfica para o paciente, vale a pena dedicar um pouco do seu tempo para o estudo de todos os componentes da técnica a ser empregada.

O conhecimento aprofundado da terapia por trás da técnica, que defina a escolha e o sucesso do tratamento adequado, é o que diferencia um bom fisioterapeuta de um repetidor de gestos aprendidos sem fundamentação. Vamos ser bons fisioterapeutas juntos!

  • O que são os eletrodos?

Como foi dito anteriormente, o eletrodo nada mais é do que a interface entre o estimulador, ou seja, a fonte de corrente elétrica, e o tecido condutor humano. A escolha e o posicionamento adequados do eletrodo são fundamentais para que a resposta fisiológica desejada com a terapia seja alcançada.

Eles podem ser feitos de diversos materiais, como borracha, metal, silicone, tecidos, entre outros. Os eletrodos mais utilizados na prática clinica são feitos de borracha siliconizada.

  • Para que servem os eletrodos?

Os eletrodos podem ser invasivos, ou seja, podem penetrar cavidades corporais, como o ânus ou a vagina, ou podem ser aplicados na superfície do corpo, e em ambos os casos exigem o uso de um agente acoplador, que serve para suavizar e diminuir a sensação e reduzir a impedância da interface entre o eletrodo e a pele. Esse agente acoplador muitas vezes é um gel condutor de eletricidade.

Eletrodo sendo colado

  • Como utilizar os eletrodos?

Primeiramente devemos identificar o arranjo dos cabos de conexão. Depois, devemos definir o material e o agente acoplador a serem utilizados durante a terapia. Posteriormente, devemos selecionar o tamanho dos eletrodos. Por último, devemos ajustar os eletrodos de forma adequada ao corpo do paciente.

Em correntes polarizadas, os eletrodos também possuem polaridade, pois o sentido da corrente influi na aplicação da terapia. Além disso, os eletrodos devem conter pouca, ou nenhuma, impedância. O tamanho do eletrodo tem relação com a carga a ser utilizada – quanto maior o tamanho, maior a carga a ser aplicada.

Em correntes não polarizadas, os eletrodos não possuem pólos definidos. Nesse caso, os eletrodos podem possuir pequena impedância. Existe uma maior facilidade de acoplamento, e o tamanho e a área são compatíveis com a terapia utilizada.

Os eletrodos devem ser bem fixados ao paciente, para evitar sensações desagradáveis. A fixação pode ser feita por meio de faixas de borracha não condutoras, saquinhos de areia, fitas adesivas, esparadrapos, velcros, géis condutores, ou mesmo pelas próprias mãos do terapeuta.

  • Como escolher o tamanho do eletrodo?

Em teoria, quanto maior o tamanho do eletrodo, maior a sua impedância. Na prática clinica, utilizamos sempre os eletrodos com o tamanho adequado para a área a ser tratada.

Quanto menor o tamanho do eletrodo, maior é a densidade da corrente, ou seja, o tamanho do eletrodo é inversamente proporcional à densidade da corrente. Isso porque toda a corrente passa por uma área menor, o que implica na sensação do paciente. Utilizar cargas altas com eletrodos pequenos é mais desagradável, e pode gerar um desconforto maior com a terapia.

Ainda em relação à discriminação perceptual, eletrodos grandes produzem uma forte resposta motora com reduzida percepção dolorosa, enquanto eletrodos pequenos eliciam estimulação dolorosa logo após a excitação motora.

Devido a isso, a densidade de corrente não deve exceder os limites de segurança; dessa forma, e eletrodos pequenos não devem ser usados se a corrente total for de alta intensidade.

Além disso, os eletrodos podem ter o mesmo tamanho mas, ainda assim o paciente pode referir mais estimulação sob um dos eletrodos. Isso acontece porque outros fatores que não o tamanho do eletrodo afetam a impedância da pele.

Por fim, se a liberação da corrente é limitada o uso de eletrodos grandes pode não fornecer uma densidade de corrente suficiente para a resposta fisiológica.

  • Como acoplar os eletrodos

Existem duas técnicas de colocação dos eletrodos, a bipolar e a monopolar. Na técnica bipolar, dois eletrodos são colocados sobre a área a ser tratada. Na técnica monopolar, apenas um eletrodo é colocado na área a ser tratada. A escolha da técnica irá depender da finalidade da terapia, e do tamanho da área a ser tratada. Para áreas maiores, podem ser utilizados até 3 ou 4 eletrodos ao mesmo tempo.

Chegamos ao fim de mais uma etapa na nossa jornada de conhecimento sobre a eletroterapia. No nosso próximo encontro, iniciaremos as discussões sobre os principais tipos de correntes utilizadas na prática clínica, suas indicações e modulações mais comuns.

Você pode conferir abaixo, nossos outros posts sobre eletroterapia:

Princípios da Eletroterapia: Conceitos Básicos de Eletricidade
A eletroterapia é muito mais do que TENS e FES
Quais os verdadeiros efeitos das correntes que você usa no seu paciente?

Se você tiver alguma dúvida ou tiver alguma sugestão de temas para nossos artigos, deixe seu comentário abaixo.

Até breve!

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