Princípios da Eletroterapia – Eletricidade
A eletroterapia é usada há muito tempo como recurso terapêutico, principalmente por fisioterapeutas, desde o início da profissão.
Os Primeiros Registros de Uso
Os primeiros registros do uso da eletroterapia como recurso clínico datam de 1757.
Seu primeiro uso foi de forma experimental, descrito pelo médico Benjamin Franklin, através de uma carta, onde ele relata a aplicação de “choques” para o tratamento de um aparente caso de ombro congelo, com efeitos positivos.
Porém, poucos profissionais sabem trabalhar com essa técnica, de fato muito útil e diversas situações da prática clínica.
Para que sua aplicabilidade seja de fato efetiva, a primeira coisa que todo profissional que trabalho com eletroterapia precisa saber diz respeito aos fundamentos da eletroterapia.
6 Conceitos Básicos de Eletricidade
A eletricidade é uma das formas de energia mais básicas, conhecida pela física há alguns séculos, e produz efeitos significativos nos tecidos biológicos.
Alguns dos conceitos básicos que iremos abordar nesse vem de pesquisadores como Farady e Galvani, que deram seu nome a formas de correntes que conhecemos e usados ainda hoje.
Esses conceitos podem parecer estranhas à nossa prática em um primeiro momento, porém, se estudados com cuidado, são fundamentais para o entendimento do funcionamento das correntes e seus efeitos nos tecidos biológicos.
Compreender como a eletricidade funciona é a base para a compreensão dos modos terapêuticos, sua correta prescrição e aplicabilidade.
1° Conceito da Eletricidade:
O primeiro conceito importante é o conceito de carga elétrica, ou simplesmente carga. A carga é uma propriedade da matéria que é base da força eletromagnética. Uma carga pode ser:
- Uma carga positiva – Prótons
- Uma carga negativa – Elétrons.
Um átomo eletricamente neutro é um átomo onde as cargas positivas e negativas se anulam, ou seja, um átomo com o mesmo número de prótons e elétrons.
Átomos com excesso de prótons são positivamente carregados, chamados de cátions, e átomos com excesso de elétrons são negativamente carregados, chamados de ânions.
Objetos e substâncias podem se tornar eletricamente carregados. A polaridade é usada para denominar a carga relativa (negativa ou positiva) dos terminais de um circuito elétrico.
A força exercida entre duas cargas elétricas é expressa em Coulomb (C). Quanto maiores ou mais próximas estão essas duas cargas, maior é a força atrativa ou repulsiva entre elas.
2° Conceito da Eletroterapia:
O segundo conceito importante é o de campo elétrico. Um campo elétrico é criado em torno de toda partícula carregada, através do qual a força das cargas é transmitida a outras partículas carregadas.
Sempre que duas partículas carregadas interagem, seja por meio de forças de atração ou repulsão, a força de Coulomb de uma partícula é transmitida através do campo eletromagnético e é sentida pela outra partícula, gerando uma energia potencial, que é transformada em trabalho, e que gera movimento de partículas carregadas.
3° Conceito da Eletricidade:
Assim, podemos definir a voltagem. Voltagem nada mais é do que a mudança da energia potencial elétrica entre dois pontos em um campo elétrico, por unidade de cargo.
É um conceito sinônimo de Diferença de Potencial Elétrico, e representa a força motriz que faz com que partículas carregadas se movam. Por isso, é também chamada de força eletromotriz.
Uma voltagem é produzida sempre que pólos de cargas opostas são afastados, ou quando pólos de cargas iguais são aproximados, e ainda quando cargas são distribuídas de forma não uniforme em um sistema.
A unidade de voltagem é o Volt (V).
As voltagens aplicadas em eletroterapia variam muito, desde Milivolts (mV) à casa das centenas de volts, variando muito seu tempo de aplicação e tolerância.
Como explicado acima, partículas carregadas se movem quando existe interação com outras partículas também carregadas, ou seja, quando existe uma diferença de potencial elétrico, ou voltagem.
4° Conceito da Eletricidadde:
Um meio no qual as substâncias carregadas se movem livremente, ou muito facilmente, são chamados de condutores.
Por outro lado, meios que oferecem resistência ao movimentos dessas particular são chamados isolantes.
Nos sistemas biológicos, muitos íons (átomos eletricamente carregados) estão presentes em condições fisiológicas, como o Na+, o K+ e o Cl.
Esses íons movem-se livremente por substâncias como o líquido intracelular, músculos e nervos, por exemplo, por estas estruturas serem bons condutores biológicos.
Por outro lado, pele e gordura são fracos condutores, e podem agir como isolantes ou atenuantes de condução quando da aplicação da eletroterapia.
5° Conceito da Eletricidade:
Chegamos ao conceito mais importante em relação à aplicação da eletroterapia.
O estudo e a aplicação das cargas elétricas em movimento é o alvo dessa modalidade.
O movimento das cargas elétricas em um meio condutor, gerado por um campo elétrico, é denominado corrente elétrica (I).
A intensidade da corrente é proporcional à intensidade da voltagem.
A corrente elétrica é expressa pela unidade Ampère (A).
A intensidade da corrente elétrica também depende da facilidade com que uma partícula carregada se desloca em um determinado meio, chamada de condutância, e da resistência oferecida pelo material à passagem da corrente.
A resistência é usada em correntes contínuas, enquanto o termo impedância é utilizado para correntes alternadas.
6° Conceito da Eletricidade:
Outro conceito importante a ser aplicado nos sistemas biológicos e é conceito de capacitância.
Capacitância é a capacidade de um sistema de armazenar cargas elétricas.
As células dos diferentes tecidos biológicos têm função semelhante à função de capacitores, pois elas possuem capacitância, resistência e impedância próprias, que variam de acordo com o tipo de célula.
Além disso, elas geram voltagem, mantém uma diferença de potencial, a qual varia conforme necessidade, além de armazenarem energia elétrica.
Essas funções são constantes, e gastam energia, ou seja, são funções ativas, necessárias para a manutenção do bom funcionamento do organismo.
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Conclusão
Esses são os conceitos básicos de eletricidade necessários para o entendimento das correntes elétricas e suas aplicações terapêuticas através da eletroterapia.
Falamos mais de Eletroterapia em outra postagem. Nela explicamos porque a eletroterapia é muito mais que TENS e FES e as diferenças entre as correntes.
- Veja Também – Você sabe escolher o eletrodo correto na eletroterapia?
REFERÊNCIAS:
TURRELL, W J. PRINCIPLES OF ELECTROTHERAPY : and their practical application (classic reprint). [S.l.]: FORGOTTEN BOOKS, 2015. Disponível em: <https://www.forgottenbooks.com/en/books/ThePrinciplesofElectrotherapy_10312964>. Acesso em: 4 out. 2017. .9781332315413.
KITCHEN, Sheila. Eletroterapia : Prática Baseada em Evidências. 2003. 2ª Edição. Barueri, São Paulo. 8520414532.
Watson, T (2000) The role of physiotherapy in contemporary physiotherapy practice. Manual Therapy 5(3): 132-141.