Para Que Serve a Massagem Desportiva
A massagem desportiva é uma técnica muito utilizada no esporte para o tratamento de atletas, tanto para uma melhor recuperação após um treino ou competição exaustiva, quanto para o tratamento de lesões.
Você sabe quais são os efeitos e os benefícios da massagem para o seu paciente?
Fizemos esse texto sobre essa técnica, mais antiga que a própria fisioterapia e muito difundida na prática.
De onde surgiu a massagem desportiva?
A massagem desportiva é uma técnica bem antiga e começou a ser utilizada em 460 a.C., por Hipócrates. Nessa época, a massagem visava fazer com que os tecidos ficassem mais maleáveis, impedindo rupturas e torções.
Seguindo na história da humanidade, agora no Império Romano, temos registros de massagens sendo feitas nos gladiadores depois de provas de força e pelejas, para o alívio das dores e contusões, para desfazer inchaços e para retorno ao estado basal de relaxamento.
Ou seja, desde que o mundo é mundo, a massagem vem sendo utilizada como forma de acelerar a recuperação da fadiga muscular, ou após lesões.
É um ato instintivo que temos, bater com a perna na quina de uma mesa e instantaneamente levar as mãos ao local para massagear, com o objetivo de reduzir a dor. E funciona, não é mesmo?
A massagem desportiva, exatamente com esse objetivo, vem sendo estudada nos últimos anos e seus efeitos vêm sendo confirmados por diferentes pesquisadores.
Como funciona a massagem desportiva?
A massagem se constitui basicamente na aplicação rítmica de pressão e do alongamento aos tecidos moles do corpo.
Funciona basicamente através de três frentes:
- Estimulação dos exteroceptores, tanto profundos como superficiais;
- Estimulação dos proprioceptores nos tendões e músculos;
- Estimulação dos interoceptores nos tecidos mais profundos e nos órgãos.
No tratamento dos atletas em suas diversas atividades, a facilitação da circulação capilar e do fluxo da linfa, não apenas reforça o aporte de nutrientes e a remoção dos produtos indesejáveis do metabolismo, mas também garante que tumefações e indurações sejam reduzidas, aderências sejam rompidas, tendões e ligamentos contraídos sejam estendidos e que a pele seja aquecida e mobilizada sobre os tecidos subjacentes.
Quais são os efeitos da massagem desportiva?
Dentre os efeitos da massagem desportiva, encontram-se:
- Diminuição das lesões de treinamento;
- Melhora a consistência do treinamento;
- Ajuda na prevenção de lesões musculares e tendinosas;
- Cura de lesões agudas;
- Evitar que problemas agudos tornem-se crônicos;
- Auxiliar a cura de lesões crônicas (rompe aderências para a restauração da mobilidade);
- Redução de espasmos musculares para a promoção da restauração do funcionamento muscular normal;
- Incentivo a uma atitude mental relaxada;
- Aumento da autoconfiança;
- Capacitação do atleta para permanecer no seu esporte por mais tempo;
Quais são os objetivos da massagem esportiva?
A massagem desportiva visa, de uma forma geral, a prevenção de lesões (que se concretiza pela manutenção de um comprimento em repouso ideal ao músculo), um efeito benéfico duradouro para as lesões agudas e crônicas e a prevenção da dor.
A massagem pode ser aplicada antes ou depois de um evento esportivo ou treinamento. Em cada caso, a massagem tem um objetivo diferente.
A massagem pré-evento é utilizada principalmente para a promoção da velocidade, força , resistência e para evitar lesões. Isso acontece porque a massagem rompe aderências, aumenta a nutrição celular, aumenta a circulação e ainda reduz o espasmo muscular.
Se, durante a realização da massagem, o profissional perceber algum outro problema, como sinais de aumento da tensão e sintomas de dor ou desconforto, estas ocorrências devem ser encaminhadas e tratadas imediatamente pelo profissional competente.
A massagem dos músculos mais ativamente envolvidos deve ser aplicada seletivamente em esportes específicos, como por exemplo os músculos superiores dos nadadores, arremessadores e tenistas, e os membros inferiores de corredores, jogadores de futebol e corredores com barreiras.
A massagem pós-evento é indicada principalmente quando se objetiva maiores ganhos de força.
Também foi verificado que as técnicas de massagem têm uma possibilidade duas a três vezes maior que o repouso para a promoção da recuperação. Para que estes resultados sejam alcançados é recomendado de 30 a 60 minutos de massagem.
As massagens podem ser uma sequência de manobras de deslizamento, fricção, amassamento, percussão, vibração, alongamento entre outros.
Como indicar a massagem para lesões esportivas?
A indicação da massagem dependerá do tempo de lesão, portanto, vamos aqui dividir os efeitos da massagem desportiva nas lesões agudas e nas lesões crônicas.
Lesões agudas
Para lesões ligamentares e tendinosas, é preferível incentivar o desenvolvimento precoce de uma rede fibrilar ordenada.
Desta forma, pode ser estabelecido um tecido conjuntivo forte e flexível, e o tecido lesionado pode ser restaurado até seu comprimento correto.
Frequentemente as estruturas corporais são cicatrizadas ficando mais curtas do que deveriam, tornando-se assim vulneráveis a lesões mais extensas e repetidas.
A rede fibrilar está presente 48 horas após a lesão e se não for incentivada a recuperar-se em uma posição plana, sofrerá um espesso enrolamento, levando ao encurtamento de toda a estrutura.
A fibroplasia pode ser evitada mediante a inibição de uma reação inflamatória.
Foi demonstrado que a imobilidade leva à formação de tecido cicatricial em estruturas de tecido mole, causando dor quando o movimento recomeça.
Lacerações ligamentares recentes respondem bem à fricções menos vigorosas aplicadas imediatamente, para que seja passivamente mantida a mobilidade no ligamento.
Fricções transversais leves podem ser aplicadas quando os fibroblastos estão recém-formados e antes que fiquem firmemente aderidos.
Fricções profundas vigorosas são mais apropriadas nos casos de lacerações crônicas.
Lesões Crônicas
Considerando que a circulação sanguínea traz nutrientes e remove produtos indesejáveis, a massagem geral profunda é mais efetiva no tratamento das lesões musculares crônicas.
A compressão dos tecidos com as palmas das mãos relaxadas, espalha as fibras, intensifica a hiperemia e aumenta o fluxo sanguíneo na e para a região.
No espasmo muscular, um alongamento leve depois da aplicação de frio ou calor pode reduzir a dor.
O alongamento direto de músculos lesionados pode aumentar a dor, induzir a um espasmo ainda maior nas fibras musculares intactas e ainda produzir mais lesões.
Quando o músculo está em espasmo, a resposta fisiológica é a vasoconstrição capilar, reduzindo o fluxo sanguíneo, o que reduz, por consequência, o fluxo de nutrientes e de oxigênio até a área lesionada e resulta na retenção de produtos indesejáveis do metabolismo nos músculos.
Assim, estabelece-se um ciclo vicioso, onde mais espasmo leva a mais dor e a menos flexibilidade do tecido.
A massagem pode interromper esse ciclo.
Podemos indicar a massagem desportiva para todo mundo?
Como toda técnica, a massagem desportiva possui suas indicações e contraindicações.
Já comentamos sobre a indicações, agora falaremos um pouco sobre quem não pode receber a massagem.
As contraindicações gerais à massagem, que dizem respeito à aplicação de qualquer técnica em qualquer paciente, são:
- Infecção aguda;
- Doença de pele;
- Câncer;
- Tuberculose;
- Áreas de hiperestesia intensa;
- Presença de corpos estranhos no local;
- Doenças dos vasos sanguíneos.
Condições que indicam precaução na aplicação da massagem incluem a presença de veias varicosas, hemofilia, ou edema significativo.
É claro que, antes da aplicação de qualquer técnica de massagem, o profissional deve realizar uma avaliação da região, tanto da pele quanto dos tecidos moles mais profundos, através de uma observação criteriosa e da palpação, para determinar se existe qualquer alteração que mereça atenção e que indique ou contra indique o uso da técnica.
Lembrando que a massagem desportiva é ainda, parte de um programa de tratamento muito mais amplo e complexo, sendo apenas uma das ferramentas à disposição do profissional esportivo, tendo seus benefícios amplificados com a associação de técnicas fisioterápicas que são indicadas caso a caso.
- Veja também: O FIM DA FISIOTERAPIA