Medir a força muscular precisa pode trazer benefícios inestimáveis para a prática fisioterapeuta
Como medir a força de um músculo. Este é o Terceiro de uma série de três artigos publicados sobre este tema de autoria do fisioterapeuta George Sabino.
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Na segunda parte desse artigo você descobriu os 5 passos de um método simples, rápido e preciso para medir a força muscular.
O que isso muda na vida e na prática do fisioterapeuta?
A força muscular pode ser mensurada de forma quantitativa através do teste do esfigmomanômetro modificado (TEM). Mas de posse dessas informações, o que muda na vida e na prática do fisioterapeuta?
Com os dados normativos ou valores de referência desse item, poderíamos, por exemplo, determinar se a condição de força muscular de um paciente está apropriada, tal qual um exame de sangue ou de pressão sanguínea, e agirmos realmente de forma preventiva a ajudar aquela pessoa.
Como esses dados estão sendo produzidos, algumas informações já podem nos ajudar bastante na clínica, como por exemplo, a diferença de força entre os lados ou a variação de força durante uma intervenção (se as intervenções propostas estão sendo efetivas para essa variável e qual tipo de fortalecimento será melhor). Após um estiramento quando liberar um paciente garantido que o músculo já está bom? Sem dúvida o Teste Muscular Manual não tem essa capacidade precisa.
Com dados quantitativos de força, poderíamos, num futuro próximo, determinar a carga a ser aplicada para melhora da resistência ou hipertrofia diretamente a partir dos resultados do TEM, o que apresentaria benefícios indiscutíveis para o paciente, que sem essa informação poderia estar trabalhando muitas vezes de forma submáxima, inferior a carga de trabalho necessária para melhora da função e, consequentemente, não alcançando os objetivos terapêuticos desejados.
Sim, mas o que mais essa informação quantitativa poderia trazer para a área de fisioterapia traumato-ortopédica?
Como mencionado no título, essa informação pode transformar a prática clínica potencializando os resultados obtidos e as ações propostas. Sabendo, por exemplo, qual a relação de força entre agonista e antagonista dos músculos flexores e extensores de joelho, por exemplo, isso poderia potencializar a funcionalidade dessa articulação, prevenindo disfunções e promovendo saúde.
Explicando melhor. Imagine que os músculos extensores de joelho (quadríceps) fossem muito mais fortes que os flexores (isquiossurais). Toda vez que um jogador de futebol chuta uma bola, a perna, por inércia, tende a seguir o movimento que ela foi direcionada, tendência que é contida pelos músculos isquissurais (Figura 1).
Como mencionado no título dessa parte final, essa informação pode transformar a prática clínica potencializando os resultados obtidos e as ações propostas. Sabendo, por exemplo, qual a relação de força entre agonista e antagonista dos músculos flexores e extensores de joelho, por exemplo, isso poderia potencializar a funcionalidade dessa articulação, prevenindo disfunções e promovendo saúde.
Isto é, os isquiossurais agem no final do chute freando excentricamente o movimento da perna. Caso esses músculos tenham uma capacidade de produção de força muito inferior que a dos músculos anteriores da coxa que geraram o movimento, a demanda nessa tarefa irá sobrecarrega-los, predispondo a uma lesão (como um estiramento). Esse desequilíbrio pode, potencialmente, atingir outras estruturas, como componente articulares, como o ligamento cruzado anterior, devido a translação anterior da tíbia desfreada pelo desequilíbrio de força.
A mesma lógica do chute no futebol pode ser empregada durante a fase de balanço na corrida. Na corrida os isquiossurais irão agir no final do balanço evitando a progressão da perna a frente. Não é de se estranhar que a distensão de ísquios seja um dos principais problemas nessa atividade. Uma proporção mínima de força dos músculos antagonistas e antagonistas pode ser interessante para garantir a função do músculo e evitar disfunções.
Um outro exemplo ilustrativo dentre a gama de informações que podem ser obtidas com a prática disseminada da mensuração quantitativa da força muscular, poderia ser o desequilíbrio de força de abdutores ou adutores de quadril. O desequilíbrio de força dessas musculaturas é fator de risco para o desenvolvimento de pubalgias ou para estiramento de adutores e o raciocínio é semelhante aos agonistas e antagonistas do joelho.
Concluindo
Podemos entender que a mensuração precisa da força muscular pode trazer uma série de benefícios futuros inestimáveis para a prática clínica do fisioterapeuta e consequentemente para a população atendida por esse profissional. Os recursos para essa medida estão presentes normalmente nas clinicas de Fisioterapia e os procedimentos são rápidos e simples, de forma que não há escusas para esquivar de seu emprego rotineiro.
Imagine um engenheiro construindo uma passarela, determinando a estrutura de seus alicerces em dados qualitativos, dos tipos: “acho que está bom”, sem se ater a número e estimativas precisas. Ficaríamos sem o recurso para atravessar uma avenida, ou caso ele fosse construído, a segurança na sua transposição seria questionada, com danos potenciais significativos para todos.
O fisioterapeuta tem que livrar-se de sua conduta qualitativa imprecisa e direcionar sua prática para procedimentos concretos e objetivos que possam cada vez mais ajudar a população, isto é atualmente – obviamente associado a uma série de outros fatores – o emprego da TEM para o entendimento da força de seu paciente.
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