5 passos de um método simples, rápido e preciso para medir a força muscular
Como medir a força de um músculo. Este é o segundo de uma série de três artigos que serão publicados sobre este tema de autoria do fisioterapeuta George Sabino.
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Como mostrado na primeira parte desse artigo, a força de um músculo pode ser mensurada pelo esfigmomanômetro, através do Teste do Esfigmomanômetro Modificado (TEM).
O esfigmomanômetro mede a pressão. Pressão é uma variável composta que abrange a força e a área, mas padronizando-se a área de aplicação da força, é possível conseguir uma relação direta entre a força e pressão, empregado o instrumento diretamente para a mensuração da força.
Mas como é feita essa medida da força de um músculo?
Inicialmente, conhecendo-se a fisiologia da contração muscular e o funcionamento do esfigmomanômetro, ALGUNS CUIDADOS DEVEM SER TOMADOS. Primeiramente, para medir a força de um músculo, deve-se.
1) Insuflar o aparelho até 20mmHg, sem dobrar ou fechar o manguito[1] (Figura 1);
2) Posicionar o manguito na região distal (Figura 2) do segmento que se quer testar (vale lembrar que o movimento de nosso corpo é realizado em sua maior parte por um sistema de alavanca, logo a distância de aplicação da resistência em relação ao eixo é um fator importante a ser observado);
Por exemplo, Se for mensurar a força de abdução de quadril, deve-se posicionar o instrumento na região distal da coxa, sobre o epicôndilo lateral do fêmur (Figura 2).
3) Posicionar o paciente e instruir sobre o que deverá ser realizado;
4) Solicitar uma contração voluntária máxima sustentada por 5 segundos, com um estímulo claro e sonoro, como: “Força! Força! Força!”;
Como a força é uma variável mutável, facilmente controlada (consciente e inconscientemente pelo paciente), vale ressaltar a importância do estímulo verbal fervoroso para se garantir que se está sendo captada a força máxima produzida pelo paciente.
5) Registrar o valor máximo obtido. O valor pode ser em milímetro de mercúrio mesmo (Tabela 1).
Tabela 1. Valores de Referência em mmHg, da força de abdutores de quadril, para diferentes idades, do membro dominante e não dominante.
Idade | Lado | mmHg | Lado | mmHg |
20-29 | Dominante | 251,1 | Não dominante | 249,8 |
30-39 | Dominante | 248,4 | Não dominante | 251,8 |
40-49 | Dominante | 258,3 | Não dominante | 254,5 |
50-59 | Dominante | 232,4 | Não dominante | 235,2 |
60-69 | Dominante | 227,8 | Não dominante | 217,8 |
70-79 | Dominante | 200,4 | Não dominante | 203,4 |
Apesar de existirem fórmulas que conseguem transformar esse valor em Newton ou Kgf, existem estudos normativos sendo realizados apresentando os resultados em mmHg (como os apresentados acima). O emprego do valor obtido diretamente no aparelho facilita a vida do profissional, evitando a realização de contas mais elaboradas no transcorrer do atendimento.
Ou seja, sumarizando:
1) Insuflar o aparelho até 20mmHg;
2) Posicionar o manguito na região distal do segmento a ser testado;
3) Posicionar o paciente e instruir sobre o movimento que deverá ser realizado;
4) Solicitar uma contração voluntária máxima sustentada por 5 segundos;
5) Registrar o valor máximo obtido.
Precauções
Alguns profissionais têm receio de que sua força interfira nos resultados, todavia vale lembrar que nesse sistema de ação e reação, o sistema estará captando o resultado desse conjunto de forças e, caso o profissional aplique uma força maior do que a capacidade de força do paciente, o paciente não conseguirá sustentar o segmento e irá movimentar a articulação, de forma que o aparelho não captará esse excesso de força do profissional.
Inclusive uma forma de aplicar o TEM seria através do Break Test, que seria a realização de uma força maior do que a do paciente, até deslocar o segmento e registrando o valor máximo que o aparelho captaria antes de sua queda decorrente do movimento.
O único ponto que não poderia ocorrer seria o oposto, o paciente vencer o examinador, pois dessa forma não se atingiria ou captaria a força máxima que o paciente consegue produzir. Vale observar que a força produzida é de uma contração isométrica, apesar disto, esse item tem uma correlação significativa com o pico de força captado pelo isocinético.
Para saber o que muda na prática clínica com essas medidas e mudanças na avaliação e atendimento, fique atento ao Portal Lupmed e veja a 3ª parte desse artigo.
[1] Uma técnica que se usa particularmente em pacientes neurológicos que apresentam pouca força seria dobrar o manguito para facilitar seu posicionamento e estabilização. Todavia, para a parte ortopédica-esportiva isso não deverá ser feito, pois a redução da área potencializará os resultados de pressão, extrapolando os limites do aparelho de mensurar a contração.
- Clique Aqui para ver a primeira parte dessa série sobre Como Medir a Força de um Músculo.
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