Durante a formação, você fisioterapeuta, deve aprender tudo o que deve fazer com o seu paciente.
Como fazer uma avaliação correta está entre essas coisas….
Você aprende como fazer o diagnóstico fisioterápico, quais testes usar, como fazer um plano de tratamento, quais técnicas aplicar em cada caso, e por aí vai…
No entanto, existem muitas coisas que você, várias vezes, faz sem querer, por descuido, ou pelo simples fato de que nunca ninguém te contou que não se deve fazer. É normal cometer erros, principalmente no início da prática clinica como profissional, ou mesmo cair em hábitos criados ao longo de anos de trabalho.
Isso acontece porque ninguém chega e te aponta os erros que você cometeu.
Muitas vezes, saber quais são os erros mais comuns que você pode cometer na sua prática diária é fundamental, porque muitas vezes você nem percebe que comete estes erros.
Todos nós cometemos erros, mas aprender com eles é evoluir e isso te leva para frente.
Seria muito bom se todos pudessem ter um mentor ou um amigo que te mostrasse isto.
Então listamos aqui:
5 Erros Comuns que Você pode estar Cometendo na sua Avaliação Fisioterapêutica
1° Erro – Não apresentar-se corretamente, ou não apresentar local onde trabalha
É com muita frequência que o paciente que chega até a sua mão está tendo o primeiro contato com a fisioterapia e com um fisioterapeuta. Esse paciente não sabe o que é fisioterapia, não sabe o que um fisioterapeuta faz, nem conhece o espaço no qual ele trabalha.
Apresentar tudo isso para o paciente é o primeiro passo para ganhar sua confiança. O paciente se sentirá mais seguro sabendo quem o estará tratando, e o espaço que frequentará por algum tempo.
Então, ao receber um paciente novo na sua clínica ou consultório, ou mesmo ao iniciar o atendimento em ambiente hospitalar, sempre se apresente para o paciente. Crie um “textinho” na sua cabeça, decore e repita sempre que for se apresentar. “Oi, muito prazer, meu nome é fulano, tudo bem?”, “Sou fisioterapeuta especialista em…”, “Aqui na clínica nos temos os seguintes atendimentos…”, “Alguma pergunta?” ou algo do tipo.
No início vai parecer algo mecânico, mas a partir do momento em que você se acostumar e sentir o efeito positivo, vai se tornar natural porque vai perceber que é importante. Pode parecer bobo, mas muitos fisioterapeutas que eu conheço não falam nem o próprio nome para o paciente! Um erro elementar, que pode fazer você perder a oportunidade de o paciente já te conhecer pelo seu nome e ter uma maior interação com você.
Começar o primeiro contato com o paciente com o pé direito já é meio caminho andado para conquistar sua fidelidade, garantir que ele vá voltar, e que o recomendará para outros pacientes, sabendo exatamente quem ele está recomendando.
2° Erro – Não perguntar qual é o objetivo do paciente com o tratamento
Outro erro comum que o fisioterapeuta comete ao avaliar um paciente é não perguntar qual o objetivo do paciente com o tratamento.
Infelizmente, a formação tem se tornado cada vez mais mecanicista, focada na patologia, nos padrões biomecânicos, e muitas vezes esquecemos a funcionalidade, e o impacto que a condição do paciente, bem como seus sintomas, possui na vida e no dia a dia dele.
É preciso dar um passo para trás nesse momento e enxergar o quadro como um todo. Um paciente com problema no joelho não é só um joelho. O profissional fica tentado a desenhar o plano de tratamento na sua cabeça simplesmente baseando-se no que leu em um livro ou algo parecido – tenho que fortalecer aqui, alongar ali, equilibrar aquilo lá.
Mas na cabeça do paciente é tudo muito diferente. A senhora com dor no joelho por causa da artrose de anos de evolução não quer saber de ter ADM completa de volta naquele joelho, e sim de conseguir caminhar até a padaria para comprar um pão livre de dor. Isso com certeza muda a perspectiva do tratamento, não é mesmo?
Perguntar os objetivos do paciente com o tratamento não só faz com que o paciente se sinta valorizado, mas também contribui para o sucesso do seu tratamento, pois não adianta traçar objetivos que não serão valorizados pelo paciente, que no final ao ser perguntado sobre os resultados, vai dizer que não conseguiu o que queria ou esperava com a fisioterapia.
Às vezes o problema não está no tratamento em si. Às vezes o que está incomodando o paciente é mais simples de ser resolvido do que você pensou e apenas com uma única pergunta você pode fazer ele se sentir aliviado e grato pelo seu trabalho mais rápido.
Então, definitivamente você tem que perguntar: “O que você deseja alcançar com o tratamento fisioterápico?”.
3° Erro – Não explicar o que pretende fazer, como pretende fazer, e não compartilhar pelo menos um plano terapêutico inicial com o paciente
A primeira parte passou, você se apresentou e apresentou o seu serviço para o paciente, coletou a sua história, fez todos os testes necessários, perguntou pra ele qual é o seu objetivo com o tratamento, suas principais queixas e o que pretende ser melhorado com a fisioterapia.
Assim, um bom fisioterapeuta, já está processando um bom plano de tratamento na sua cabeça, e se você for bom mesmo, no papel.
Agora chegou, então, a hora de contar para o paciente o que está passando pela sua cabeça, mesmo que seja apenas um esboço, uma ideia inicial.
Já imaginou a frustração que é para o paciente, após uma hora de sessão, chegar em casa e, ao ser perguntado o que irá fazer na fisioterapia, não saber responder? Pois é, não explicar para o paciente pelo menos uma ideia inicial do que pretende fazer com ele durante o tratamento pode gerar essa frustração.
Para resolver esse problema, converse de forma franca com o paciente.
Se você percebeu, na sua avaliação, que o maior problema do sua paciente com dor no ombro é a redução de força por conta da imobilidade gerada pela dor, e que sua principal queixa é não conseguir cozinhar ou fazer as tarefas do lar por conta disso, você já tem uma boa ideia da direção que o seu tratamento irá levar.
Conte isso para o paciente. Conte que pretende reduzir a dor primeiro, para então poder focar no treino de fortalecimento. A paciente sairá do consultório feliz, sabendo o que a espera nas próximas sessões, e sabendo que um dia suas necessidades serão atendidas.
Não se sinta culpado se, posteriormente, o curso do tratamento mudar.
Ao abrir esse canal de comunicação com o paciente, você ganha a sua confiança, faz com que ele participe do processo do cuidado, e ele se sentirá envolvido e motivado mesmo que, posteriormente, vocês juntos tenham que mudar um pouco o rumo das coisas.
Isso é o que chamamos de tomada de decisões compartilhada. Ela deve estar presente desde o primeiro dia do contato entre profissional da saúde e paciente.
4° Erro – Não fazer nada direcionado ao problema que incomoda o paciente
Como foi dito acima, muitas vezes o contato que o paciente tem com você é o primeiro contato que ele tem com a fisioterapia de uma forma geral. Muitos não sabem o que o fisioterapeuta faz. Ele não sabe se funciona. Ele só sabe o que ouviu falar, que pode ter sido algo positivo, ou algo negativo.
Por isso, é muito importante que, logo na primeira sessão, você faça um direcionamento do problema do paciente. Caso contrário, o paciente sairá da primeira sessão pensando que nada foi feito.
Nós sabemos que o processo de avaliação é fundamental para um bom tratamento, e a escolha das técnicas corretas para cada caso, mas o paciente não sabe disso. E às vezes, explicar não é o suficiente.
Vamos pegar novamente o exemplo da dor, já que a maioria dos pacientes chega na fisioterapia com alguma queixa de dor. Já pensou na satisfação dele, se ele conseguir sair da primeira sessão já sua dor um pouco reduzida, ou mesmo sem dor alguma?
Uma das coisas que se pode fazer é, enquanto se coleta a história, ou registra-se os dados no prontuário ao final da sessão é deixar o paciente 15 minutos no TENS, por exemplo, caso haja indicação, ou em uma outra atividade.
Sempre você deve explicar porque está usando a técnica que usa. Por exemplo dizer que o Tens objetiva simplesmente a redução da dor, e que dará um alívio imediato, mas que para chegar às causas do problema, outro tipo de tratamento é necessário.
Por mais que não se tenha pego a raiz do problema, você está fazendo algo pelo paciente, algo que fez com que ele percebesse que a fisioterapia funciona. Com certeza ele sairá do seu consultório animado, com uma impressão positiva, e contará para todo mundo que conseguiu melhorar logo na primeira sessão de fisioterapia.
Deve-se fazer isso mesmo que isso signifique sacrificar alguns pontos da avaliação. Se você tem uma hora com o paciente, reserve 45 minutos para a avaliação e 15 minutos para a resolução de um problema. Se faltou alguma coisa para avaliar, faça na próxima sessão.
5° Erro – Não registrar os dados mensurados e adquiridos durante a avaliação
Por último, e não menos importante, deve se ter o registro das informações coletadas durante a avaliação. De pouco adianta ter feito uma avaliação perfeita se você não registrar isso em papel, ou prontuário eletrônico, ou em algum outro lugar de sua preferência.
Isso porque não se pode confiar apenas na sua cabeça, porque é apenas tendo dados completos que você pode comparar de forma concreta o antes de depois, e comprovar, através de números ou medidas objetivas, o sucesso da terapia.
Outro motivo importante para o registro correto e acurado dos dados é se você desejar fazer alguma pesquisa, ou estudo de caso, com aquele paciente. Tendo os dados todos em mãos fica fácil. Agora não tendo esses registros, você não tem como fazer.
É importante o registro não só do momento da avaliação, mas de todas as sessões subsequentes. Dessa forma, ao final do tratamento, você poderá adicionar à percepção subjetiva do paciente, os dados objetivos colhidos ao longo das sessões, e determinar se a terapia estabelecida funcionou, ou não, e por quê.
Compartilhe o post para que mais colegas descubram os 5 erros mais comuns que os fisioterapeutas cometem ao avaliar um paciente. Coloque abaixo nos comentários se você sabe de algum outro erro comum cometido frequentemente. Abraços e até a próxima!