Startup Cria Respirador Mecânico em BH


A pandemia que vivenciamos tem sido muito difícil para todos.

Não está fácil….

Mas qualquer crise também é um momento de superação.

É preciso se ressignificar, buscar novos caminhos e se adequar a todas essas mudanças que experimentamos.

Se essa crise nos trará algo de bom, será o aprimoramento das nossas capacidades de transformação e resiliência, para seguirmos lutando contra o adverso.    

O que vamos contar aqui é a história de uma startup na área da Fisioterapia, e tal qual as demais empresas na área, como clínicas e consultórios, tinha como função ajudar as pessoas a superar adversidades e restituir a funcionalidade.

Todavia, ela era diferente.

Ela fundamentava-se no reconhecimento da importância dos conteúdos técnicos da Fisioterapia, mas buscava conhecimentos em áreas distantes com o intuito de integrar essas informações e traçar caminhos novos.

Assim, essa empresa passou a se chamar PhysioCode, para expressar esses caminhos e desejos.

Nessa trajetória, ela começou a arquitetar equipamentos que pudessem tornar aquela prática de atendimento mais assertiva.

Dizem que quando se deseja muito algo, o universo conspira a seu favor.

Nessa trajetória, a empresa encontrou diversas pessoas da fisio, mas também de outras áreas afins, para compor sua equipe e corroborar em sua jornada.

Dessa forma, alguns instrumentos de avaliação que permitiriam compreender melhor a condição do paciente, começaram a ser estruturados, como o aplicativo de avaliação da postura PhysioCode ou uma Palmilha Sensorizada (foto 1), capaz de captar a pressão dos pés dinamicamente.

Startup Cria Respirador Mecânico em BH

Tais recursos seriam fundamentais para a reestruturação da prática clínica do fisioterapeuta, pois, para intervenções apropriadas em um paciente, o primeiro passo é saber sobre o que está se intervindo com precisão.

Se por vezes os resultados podem não sair como desejado em uma reabilitação, isso pode se dar, em parte pela falta de precisão em algumas medidas de avaliação e no entendimento real da condição do paciente.

Os recursos tecnológicos seriam fundamentais e, apesar de várias idas e vindas, empecilhos de processos e barreiras, o caminho ia sendo transposto em direção a resultados cada vez mais concretos.

Mas aí veio o coronavírus, devastando nossa realidade.

Clínicas fechadas e o processo de construção de equipamentos e evolução, consequentemente, comprometido.

Os problemas agora eram outros.

Um dos principais acometimentos do COVID19 é sobre o sistema respiratório, levando a necessidade por respirador mecânico para preservação da vida de uma parcela das pessoas acometidas.

No Brasil atualmente a taxa de letalidade do vírus está próxima a 7%. Essa taxa é dependente da disponibilidade de respiradores mecânicos, instrumentos que, como mencionado, dão suporte a respiração, permitindo a sobrevida do doente. Todavia, esse recurso é limitado, frente ao potencial de pessoas que podem necessitar dele. 

Em Belo Horizonte (BH/MG) há 1,4 milhão de habitantes. Considerando o índice de letalidade atual do coronavírus, imagina-se que 84 mil pessoas serão acometidas fatalmente. Esses índices podem ser potencializados na ausência de recursos em hospitais. Projeções otimistas de acometimento são próximas a 1% da população (14 mil pessoas). A quantidade de respiradores na cidade mencionada é de 3 mil equipamentos. Considerando que nem toda a população será atingida ao mesmo tempo, acredita-se que a demanda de respiradores seria de 5 a 8 mil. Ou seja, esses recursos seriam insuficientes e isso considerando uma cidade de porte considerável e estrutura elaborada como BH.

Boa parte das cidades do país não têm essa capacidade ou recursos.

Frente a todos esses fatos que ninguém desejava e que afastaram os progressos que se estruturavam na PhysioCode, haveria duas opções: desistir ou ressignificar, isso é, adaptar os seus caminhos.

E a opção tomada foi a segunda.

O conhecimento aprendido para desenvolvimento dos instrumentos anteriormente, poderia ser implementado para tentar ajudar nesse momento de dificuldade que passamos. A partir dessa lógica, a empresa procurou desenvolver Ventiladores Mecânicos para o suporte funcional, no caso agora do sistema respiratório. Segue a partir daqui o detalhamento desse projeto.

Startup Cria Respirador Mecânico em BH

O Ventilador mecânico foi desenvolvido em um sistema baseado em peças de alumínio, associadas a componentes impressos em impressora 3D e um circuito que controla um motor que comprime um ambu com frequência, amplitude e pressão controladas.

O grande desafio de um respirador não é expelir o ar, mas realizar essa tarefa de tal forma que seu fluxo seja assistido para ventilar o paciente, sem forçar o sistema respiratório, pois, caso contrário, ao invés de ajudar, o aparelho poderia causar problemas.

Mas, além disso, o equipamento tem que ser sensível e captar dados de tudo que se passa, pois caso isso não ocorra, problemas severos podem acontecer. Por exemplo, caso seja inspirado um volume de ar e esse, ao invés de realizar as trocas gasosas e ser expelido, estirasse o pulmão e ficasse retido, caso fosse bombeado mais ar, isso distenderia os alvéolos, causando lesão. Ou seja, é preciso saber se o ar entrou, bem como se ele saiu. Portanto, o aparelho, além da estrutura mecânica controlada, precisa de sensores que acompanhem tudo que acontece, como o fluxo e volume de ar inspirado e expirado.

Passado essa a primeira etapa de produção, então o próximo passo foi validar e calibrar o aparelho. Etapa em que se encontra o presente projeto.

O relato de caso dessa empresa, composta pelos fisioterapeutas Raffi Bomtempo, Fabricio Anísio e George Sabino, bem como pelos engenheiros Rafael de Rocha e Diego Nascimento, é uma ação para estimular a reflexão de todos.

Como dito no início deste artigo, não está fácil para ninguém e estamos no olho do furacão, isto é, um momento em que os problemas se tornam mais proeminentes e com isso fica mais difícil imaginar como será o futuro.

Mas, isso tudo vai passar. É importante se adaptar para enfrentar o momento e, quando tudo passar, seguir com seu serviço frente à nova realidade, mas com os ideais de sempre para ajudar as pessoas a buscarem sua autonomia e independência para explorar sua funcionalidade em sua máxima capacidade.

Sobre a PhysioCode



A PhysioCode é uma startup que tem como objetivo promover o avanço tecnológico na área da saúde. Nascida a partir da constatação do distanciamento entre pesquisa e prática clínica na fisioterapia, do isolamento entre as áreas do conhecimento e da carência tecnológica na reabilitação. A PhysioCode surgiu com um simples ideal de impulsionar o atendimento na fisioterapia, gerando valor para os profissionais e sobretudo potencializando os cuidados aos pacientes.

Assim, a PhysioCode propõe a quebra de barreiras entre as áreas, somando o conhecimento técnico da engenharia com as visões da fisioterapia. Com esta comunhão somos capazes de buscar as mais diversas soluções no dia a dia dos profissionais, cuidando da qualidade na entrega dos serviços/produtos e na assistência das pessoas.

Ah, os projetos de análise da postura e movimento continuam, apesar de suspensos em alguns direcionamentos, se mantém ativos em outros e esperamos em breve voltarmos com força total para nossa prática clínica.

 Estamos juntos nessa.

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