O impacto da carga nas tendinopatias

Já falamos, em um artigo anterior, a respeito da sobrecarga que lesa e afeta os tecidos. Você pode conferir isso, acessando este link: Quer saber como a Dynamic Tape pode te ajudar diariamente?

Para nos aprofundarmos um pouco mais sobre esse tema, usaremos um modelo de tendinopatia, como exemplo, para as ações mecânicas da bandagem Dynamic Tape (DT) e para demonstrar sua relevância clínica em diversas fases de uma doença, bem como no processo de reabilitação, propriamente dito.

Um modelo de tendinopatia para o fisioterapeuta

As modificações mecânicas observadas em tendinopatias crônicas dolorosas são particularmente relevantes para a metodologia da DT.

Isso porque as tendinopatias geralmente estão relacionadas com a carga e a Dynamic Tape é uma das terapias mais indicadas para se lidar com esse tipo de dor, uma vez que essa dor é decorrente de carga, e a Dynamic atua sobre a carga. Assim, o seu efeito secundário é a melhora da dor.

Os tendões lesionados demonstram uma mudança na sua capacidade de resistir à cargas, estiramento e estresse, indicando uma redução em sua dureza, o que significa que o tendão irá se deformar mais quando submetido às mesmas cargas às quais era submetido antes.

Além disso, o tendão se torna menos eficiente para a transferência de forças da contração muscular para o osso, de forma a gerar movimento, atrasando a contração e o movimento, e absorvendo mais carga do que deveria.

Essa redução na eficiência do tendão, acaba sendo transferida para o músculo, que precisará se contrair e se encurtar mais, de forma a gerar a mesma amplitude de movimento. Nesse caso, é como puxar um elástico e, quanto mais o músculo se contrai, mais o tendão enfraquecido se alonga.

Veja, na figura abaixo, que tendões que estão afetados mostram uma mudança para a direita na curva de comprimento/tensão, indicando uma mudança (redução) na rigidez do tendão.

O que significa que o tendão irá deformar (alongar) mais, quando sujeito a uma determinada carga, conforme a figura abaixo.

O impacto da carga nas tendinopatias – um modelo para o fisioterapeuta

Figura Típica curva comprimento-tensão, demonstrando uma mudança para a direita em tendinopatias. Adaptado de Arya e Kulig, 2010.

A linha base da curva comprimento-tensão, é a área relativamente reta na parte esquerda da curva e é devida ao achatamento ou alongamento das fibras franzidas do tendão.

A linha base é mais longa em tendões sintomáticos, o que significa que leva mais tempo para que a força que é gerada pelo músculo, seja transmitida através do tendão para o osso, com a finalidade de efetuar o movimento da articulação.

As implicações funcionais da disfunção são bem claras, entre elas:

  • A transferência de forças músculo – tendão – osso é muito menos eficiente;
  • As fibras musculares precisam se encurtar muito mais para gerar a mesma forma e produzir o mesmo movimento;
  • A contração muscular se torna lentificada, gerando um atraso na execução das tarefas motoras;
  • Essas alterações da duração do intervalo entre a ativação muscular, propriamente dita, e a geração do movimento, podem levar à problemas de coordenação e equilíbrio, devido ao fato de que esse atraso entre a transmissão de forças, acontece também na resposta à deformação percebida pelo organismo;
  • A redução do desempenho motor, principalmente na execução de tarefas mais complexas e que exigem mais da musculatura, especialmente importante para atletas de alta performance.

Os tendões lesionados demonstram redução na capacidade de absorção de energia mecânica e uma redistribuição de movimento para longe da articulação afetada, presumidamente com o objetivo de reduzir a carga no tecido afetado.

Alterações semelhantes em relação a esse aumento de maleabilidade de tendões lesionados, foram encontradas no extensor radial do carpo, no tibial posterior, no manguito rotador, na fáscia plantar, entre outros tecidos.

Pontos chave

Até então temos, no nosso modelo, alguns pontos chave para o entendimento das tendinopatias e, consequentemente, do funcionamento da DT:

  • Os tendões submetidos à sobrecarga se tornam mais maleáveis e menos resistentes;
  • Essas alterações levam à uma transmissão de força prejudicada, aumento do trabalho muscular, redução da absorção de forças e às estratégias compensatórias.

O modelo de evolução das tendinopatias

O impacto da carga nas tendinopatias – um modelo para o fisioterapeuta

Na tentativa de organizar todas essas observações, colocadas acima, em um pensamento clínico coerente e útil, Cook e Purdham (2009)propuseram um modelo baseado na evolução das tendinopatias, composto por três estágios:

1. Tendinopatia Reativa:

  • Causa: uma sobrecarga tênsil, compressiva aguda ou distensível, atividade repetida e não usual, ou mesmo impacto direto de carga sobre o tendão, como uma queda ou batida.
  • Resposta: inicialmente, é uma resposta não inflamatória e proliferativa nas células e na matriz celular, resultando em espessamento do tendão, provavelmente com o objetivo de resistir à sobrecarga ou stress mediante o aumento da área de sessão cruzada.
  • Prognóstico: nesse estágio, o tendão pode retornar ao seu estado normal, se a sobrecarga for reduzida ou retirada, ou se um tempo adequado de recuperação for dado ao tecido antes de ser exposto novamente à uma sobrecarga.

2. Disfunção tendínea:

  • Causas: dessa vez, uma sobrecarga aplicada de forma repetida, ou seja, cronicamente, é a responsável pela disfunção.
  • Resposta: uma resposta semelhante à anterior acontece, como tentativa de reparo tecidual e proteção contra novas lesões, mas dessa vez, existe uma maior quebra de matriz celular, aumento do número de células, porém de forma desordenada, fazendo com que o tendão perca em capacidade de desempenho de suas funções.
  • Prognóstico: ainda é possível reverter o quadro com a retirada da sobrecarga e com um tratamento específico para o redirecionamento do crescimento celular e formação de matriz.

3. Tendinopatia degenerativa:

  • Causas: sobrecargas repetidas ao longo de muitos anos, ou de forma muito intensa, com tendência de surgimento em pessoas mais velhas, ou atletas de elite.
  • Resposta: progressão das mudanças da matriz celular e das células em si, incluindo agora a morte celular por apoptose, trauma, ou exaustão e áreas ainda maiores de desorganização da matriz celular, e redução do colágeno.
  • Prognóstico: risco de ruptura do tecido, menor capacidade de reversibilidade da lesão e mudanças patológicas em resposta ao exercício.
O impacto da carga nas tendinopatias – um modelo para o fisioterapeuta

Figura Continuum de Patologias Tendíneas, adaptado de Cook & Purdham, 2009.

A abordagem de tratamento, mostrada por Cook e Purdham, varia em consequência do estágio da tendinopatia.

É possível notar que diferentes áreas do tendão podem exibir mudanças que indicam um estágio diferente no continuum da patologia.

O entendimento desse modelo, juntamente com a compreensão das alterações mecânicas explicadas nas sessões anteriores, permite uma maior compreensão do uso da DT e de suas aplicações clínicas em diversas situações.

Como manejar a carga na sua clínica diária

O tratamento descrito pelos mesmos autores proponentes do modelo acima descrito, varia de acordo com a fase da tendinopatia e é preciso ressaltar que áreas diferentes do tendão podem exibir mudanças diferentes, indicando que dois ou mais estágios podem existir simultaneamente no mesmo tendão. A redução da carga promove redução da dor e permite a adaptação do tendão, assim como as células se tornem menos reativas.

Tendinopatia reativa e disfunção tendínea inicial: O tratamento, nessas fases, consiste no controle da carga imposta ao tecido de forma a reduzir ou eliminar a sobrecarga, reduzir a dor, permitir que o tendão se adapte e que suas células se tornem menos reativas. Além disso, fatores contribuintes para o surgimento dos sintomas devem ser evitados, como:

  • Intensidade, frequência, duração e tipo de sobrecarga imposta, bem como os fatores biomecânicos envolvidos.
  • Atividades de estresse sobre o tecido durante a fase de recuperação, evitando cargas altas, sobrecarga elástica ou excêntrica e atividades de armazenamento e liberação de energia.

Exercícios excêntricos podem ser apropriados dependendo da avaliação do caso, assim como o estímulo da atividade celular e reestruturação da matriz.

Disfunção tendínea tardia e tendinopatia degenerativa: nessa fase, é necessária a estimulação da atividade celular e da reconstrução da matriz tendínea. Os exercícios excêntricos podem ser bem-sucedidos nessa função.

Soslowsky et al. demonstraram que a combinação de cargas elásticas e compressivas irá induzir a tendinopatia mais rapidamente.

A carga é o estímulo que pode fazer o processo das tendinopatias avançar ou regredir no continuum desta patologia.

O fundamental, que você não pode ignorar é que:

  • A especificidade da aplicação da carga é essencial.
  • A sobrecarga decorrente de exercícios balísticos, ou de pesadas cargas excêntricas, causam tendinopatias reativas e tendões com degradação inicial que, provavelmente irão agravar a dor. É importante ressaltar também que a retirada da carga em estados tardios de degradação, provavelmente, será ineficaz.
  • Não se pode deixar de avaliar os contribuintes biomecânicos, porque eles são muito importantes para a sobrecarga.
  • A dor que causa as tendinopatias é induzida por carga e é dependente da dose: mais carga é igual a mais dor.
  • A combinação de cargas elásticas e compressivas é a mais prejudicial. Portanto se torna necessário o controle de qualquer tipo de carga na recuperação.

Em resumo…

A dor tendínea é induzida e diretamente proporcional à carga.

A Dynamic Tape ajuda você a lidar com a carga e, consequentemente, com a dor, porque ela é capaz de atuar como se fosse um músculo auxiliar, inserido para ajudar na execução do movimento que está comprometido.

A especificidade da carga é importante nesse processo, de forma que exercícios balísticos ou de resistência excêntrica na tendinopatia reativa, tendem a exacerbar o quadro, da mesma forma em que a retirada total da carga na tendinopatia degenerativa provavelmente será ineficaz.

Sabe-se que a combinação de forças de tensão e estiramento é a mais potencialmente lesiva, e que, controlar a carga, é fundamental para a recuperação do tendão

Além disso, a avaliação dos fatores biomecânicos contribuintes para a sobrecarga no tecido lesado é fundamental para o tratamento.

Lembre-se que a Dynamic Tape pode colocar alavancas em partes do corpo humano que trabalham em desvantagem mecânica, fazendo com que passem a trabalhar com vantagem mecânica.

Você pode fazer esta mudança durante a aplicação desta bandagem, ao analisar qual braço de alavanca você quer favorecer. Esta manobra ajuda na reabilitação dos tratamentos de tendinopatias porque o grande fator a ser lidado nestas patologias é o manejo da carga, que é uma das principais características da Dynamic Tape. E isto ela faz muito bem!

Se você tiver alguma dúvida, essa é a hora de perguntar, para que possamos esclarecê-la antes de seguirmos adiante.

Para isso, use e abuse dos comentários abaixo.

Até a próxima!

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