Nota: Esta é a segunda parte de uma série sobre Dynamic Tape e outras Bandagens. Se está chegando agora, leia a primeira parte em que falamos sobre os 5 Fatores sobre Bandagens que Todo Fisioterapeuta deveria conhecer.
Alavancas – Histerese – Comprimento Muscular
No texto anterior sobre a Dynamic Tape, abordamos algumas das propriedades deste tipo de bandagem, como forma de introduzir o porquê dessa bandagem ser diferente, atual e estar tão em alta atualmente.
- Veja também: Diferenças entre a Dynamic Tape e Kinesio Tape
No presente texto, iremos continuar com alguns conceitos, utilizando de base algumas definições sobre biomecânica que trouxemos no texto anterior, para explicar quais são os princípios por trás da atuação da Dynamic Tape no corpo humano.
Princípios biomecânicos da Dynamic Tape
Mais uma vez, precisamos de uma aulinha leve de revisão de biomecânica, pois a Dynamic Tape é toda baseada neles. Como deve ser toda a nossa prática, certo? Por isso nunca é demais relembrar. Vamos lá:
1° Princípio – Alavancas
Existem três classes de alavancas, e a classe de uma determinada alavanca é determinada pela orientação da resistência e da força aplicada em relação ao fulcro.
- Alavancas de 1ª classe:
- A resistência e a força aplicada são posicionadas ao lado do fulcro, como é o caso do tríceps produzindo a extensão da articulação do ombro, ou quando giramos uma chave Philips sobre um parafuso.
- Alavancas de 2ª classe:
- A resistência fica entre a força aplicada e o fulcro, como a flexão plantar produzida pelo músculo gastrocnêmio.
- Alavancas de 3ª classe:
- A força está entre a resistência e o fulcro, com quando fletimos o cotovelos utilizando a força do bíceps.
Como podemos pensar pela figura, as alavancas de terceira classe não possuem vantagem mecânica, pois o braço de resistência será sempre maior do que o braço de força. No entanto, esse tipo de alavanca permite que uma carga seja movida a distâncias maiores, ou em maior velocidade, sem que seja necessário aumento da força aplicado ou do esforço para fazê-lo.
A maior parte dos músculos que movem as articulações do corpo trabalha em desvantagem mecânica, e é por isso que as forças internas dos músculos são muito maiores do que as forças exercidas pelo corpo humano em objetos externos. Essa força interna extremamente alta, necessária para vencer uma resistência externa relativamente pequena, se transforma em sobrecarga para os músculos e para os tendões, e é em grande parte responsável pelas lesões desses tecidos.
Todos os movimentos do corpo humano, como bem sabemos, necessitam de algum nível de aceleração, traduzida na contração muscular como a fase concêntrica, algum nível de manutenção de tensão, ou fase isométrica, e uma fase final de desaceleração, ou fase excêntrica da contração muscular.
A gravidade agindo sobre um objeto promove a maior parte da força de desaceleração, no entanto, essa carga aumentada adiciona ainda mais trabalho para o músculo, aumentando a força necessária a ser produzida, e a carga transferida para a musculatura e para os tendões.
2° Princípio – Histerese:
Os tecidos viscoelásticos possuem como característica um atraso para responder a uma força aplicada, ou seja, os efeitos físicos dessa força demoraram a ser percebidos. A deformação causada pela força não some imediatamente, mas sim é dissipada ao longo do tempo, fazendo com que o tecido retorne gradualmente à sua forma original.
Isso porque a energia mecânica recebida através da aplicação de uma força é absorvida, e gradualmente devolvida ao ambiente na forma de calor, ou seja, energia térmica. Por isso todo movimento muscular gera calor.
A histerese é ainda mais evidente quando a carga e a descarga ocorrem rapidamente, e a temperaturas mais altas. Em outras palavras, os tecidos se alongam mais sob essas condições, quando submetidos à uma força equivalente.
3° Princípio – Influência do Comprimento Muscular
Como sabemos, todos os músculos tem a capacidade de se contrair concentricamente, segurar uma carga isometricamente, e se estender excentricamente, tudo isso enquanto envia informações de volta para o sistema nervoso sobre sua posição no espaço e nível de contração.
Alguns músculos, no entanto, são mais eficiente em alguns tipos de contrações do que outras. Mesmo em um grupo muscular sinergista, alguns músculos são melhores contratores isométricos, e outros concêntricos, por exemplo. Nem todos os músculos são igualmente eficientes, do ponto de vista de geração de força, e alguns músculos conseguem gerar uma maior força em detrimento da função adequada.
A maior parte dos músculos é mais eficiente e geram força ótima quando trabalham em sua amplitude média, se apresentando mais fracos quando precisam trabalhar em posições muito alongadas ou encurtadas, ou seja, posições diferentes daquelas às quais estão habitualmente acostumados.
A estrutura de um músculo também afeta sua habilidade de gerar força. Músculos com alavancas mais longas são biomecanicamente eficientes para produzir uma maior amplitude de movimento, porém pecam um pouco na função de prevenir movimentos excessivos no centro da articulação, ou em movimentos excêntricos.
Por outro lado, músculos com alavancas mais curtas são muito eficientes para controle articular e limitam movimentos excessivos, protegendo as estruturas de estiramentos e lesões.
O que quisemos dizer até agora?
Para resumir os conceitos aqui apresentados, que são necessários para o entendimento do funcionamento da Dynamic Tape – e que serão retomados em textos futuros, mas também para um bom entendimento do funcionamento do corpo como um todo, vamos apresentar aqui alguns pontos chaves, falados nesse texto, que todo fisioterapeuta deve ter em mente durante o processo de reabilitação:
#1 Articulações
De uma forma geral, as articulações trabalham em desvantagem mecânica, sendo necessária a geração de forças intrínsecas muito grandes para mover cargas externas relativamente pequenas;
#2 Histerese
Os tecidos viscoelásticos se deformam mais rapidamente com ciclos rápidos de carga e descarga, e a altas temperaturas. O calor é produzido como bioproduto da histerese;
#3 Comprimento Muscular
Os músculos possuem capacidade de geração de força ótima quando em sua amplitude habitual. Músculos encurtados demais, ou alongados demais, apresentam desvantagem fisiológica, ou mecânica, e reduzem sua capacidade de gerar força, como demonstrado na figura do item 3.
Até o próximo…
Vamos dar um tempo para você digerirem esses conceitos, e com todos eles na cabeça, seguiremos nossas discussões que embasarão o conhecimento que queremos passar sobre o uso da Dynamic Tape.
O conhecimento é um processo, uma jornada, mas juntos se torna mais fácil e rápido de alcançar os objetivos. Portanto, comente abaixo, coloque suas dúvidas, sugestões ou discussões, para que possamos aumentar a qualidade do nosso portal. Até a próxima!
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