A Eletroterapia é Muito Mais do que TENS e FES

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A Eletroterapia tem hora, lugar e motivos certos para ser empregada. Neste artigo falaremos sobre as principais modalidades da eletroterapia, mas antes vamos entender um pouco mais do contexto da Eletroterapia na Fisioterapia.

A Eletroterapia é parte da vida dos Fisioterapeutas

A eletroterapia tem feito parte do dia a dia do fisioterapeuta desde o início da prática profissional.

Muitos pacientes já ouviram falar do famoso “choquinho” e muitos fisioterapeutas empregam essa técnica como parte de sua conduta diariamente.

No entanto, apesar de bastante difundida como sendo parte do repertório dos fisioterapeutas, existem muitas controvérsias em torno do emprego da eletroterapia.

Muitos pacientes duvidam de sua eficácia.

Os mais céticos afirmam terem sido deixados por um longo tempo ligados a um aparelhinho recebendo diferentes correntes e relatam não terem percebido nenhuma melhora com o tratamento.

Isso acontece porque ainda existem muitos profissionais que desconhecem o emprego correto da eletroterapia.

E a falta de conhecimento leva ao uso incorreto, o que não gera os resultados esperados o que, obviamente, leva à insatisfação do paciente.

Importância de manter-se atualizado

Esse artigo tem como objetivo esclarecer alguns pontos sobre a eletroterapia e ressaltar que, como toda técnica fisioterapêutica, ela tem hora certa, lugar certo e o motivo certo para ser empregada.

Caso seja utilizada corretamente, a eletroterapia pode trazer inúmeros benefícios para o paciente e levar a um progresso na terapia que não seria possível por outros métodos.

Vale lembrar que, mesmo sendo uma técnica antiga, tanto quanto os princípios físicos que a regem, a eletroterapia evoluiu muito ao longo dos anos e as tecnologias empregadas hoje permitem uma variedade imensa de aplicações.

Portanto, é fundamental que o fisioterapeuta que utiliza, ou pretende utilizar a eletroterapia em sua prática clínica, mantenha-se atualizado em relação às novas tendências e recomendações para o seu emprego.

Eletroterapia: Uma Técnica Baseada em Evidências

As evidências que suportam o uso da eletroterapia como componente da prática fisioterapêutica são extensas, porém apenas quando considerado seu uso como técnica adjuvante.

Estudos que consideram a eletroterapia como intervenção isolada, comprovam que esta não é a técnica mais efetiva.

Entretanto, em combinação com outras modalidades de cuidados, como exercícios bem planejados e técnicas de terapia manual, as evidências que suportam seu uso são fortes.

Eletroterapia é Muito Mais do que TENS e FES

As modalidades mais usadas de eletroterapia são o TENS e o FES, mas existem outros tipos de correntes muito úteis e eficazes cuja maioria dos profissionais não utilizam.

Cada tipo de corrente promove um efeito fisiológico diferente no organismo. A escolha da modalidade a ser empregada dependerá da disfunção de base e dos efeitos que se quer obter com a terapia, não da modalidade em si.

A habilidade do fisioterapeuta e sua familiaridade com a técnica, são fatores determinantes para a escolha da modalidade ideal.

De acordo com Tim Watson, professor da Escola de Saúde e Serviço Social da Universidade de Hertfordshire, no Reino Unido, existe um modelo básico de tomada de decisões clínicas no que diz respeito ao uso da eletroterapia, que suportará a decisão de qual modalidade utilizar e quando utilizar, sempre se guiando pelas melhores evidências disponíveis.

Isso porque toda modalidade de eletroterapia envolve a introdução de energia por um agente físico em um sistema biológico.

Essa energia produz uma ou mais mudanças fisiológicas que podem ser protagonistas de uma série de benefícios terapêuticos.

Clinicamente, é provavelmente mais útil pensar de forma inversa:

  1. Primeiramente determinar a natureza do problema a ser tratado;
  2. Estabelecer as mudanças fisiológicas que precisam ocorrer para que esses efeitos sejam atingidos;
  3. Por fim, selecionar a modalidade que é capaz de gerar essas mudanças.

É sempre bom lembrar que…

Toda aplicação de eletroterapia pode gerar um efeito colateral.

Estar ciente desses efeitos deletérios e saber como minimizá-los, bem como estar ciente das contraindicações para o uso de determinada modalidade eletroterápica em determinado paciente, é fundamental para uma prescrição segura do tratamento e alcance dos objetivos terapêuticos almejados.

Decisões a serem tomadas

No ambiente clínico, existem basicamente duas decisões fundamentais a serem tomadas:

  • A seleção da dose apropriada da eletroterapia;
  • A aplicação do tratamento

Ambas as decisões demandam um conhecimento da modalidade, de seus efeitos e dos objetivos que se pretende alcançar com a aplicação da técnica.

Estudos recentes demonstram que a aplicação da eletroterapia é extremamente dose-dependente, o que explica a grande variabilidade dos estudos em relação à eficácia de determinadas modalidades.

Quando pareadas pela dose, essas diferenças ficam claras. Logo, a escolha da dose correta é fundamental para o sucesso da terapia.

As modalidades de eletroterapia variam de acordo com o tipo de onda utilizada, tipo de corrente aplicada, bem como em relação às suas propriedades físicas e seus efeitos fisiológicos.

Principais Modalidades de Eletroterapia

Além da TENS e FES, que são as correntes mais buscadas, vale ressaltar que existem muitas outras modalidades a serem empregadas e que têm o potencial de trazer muitos benefícios para os pacientes.

Dentre as principais modalidades de eletroterapia empregadas atualmente, destacam-se:

  • TENS – Terapia por Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea

Talvez a modalidade mais conhecida de eletroterapia. Seu objetivo é o controle da dor por meio de 20 a 40 minutos de sua aplicação. Pode ser usado em ambiente hospitalar inclusive.

Atua através da emissão de corrente elétrica pulsada, interferindo na condução de estímulos em fibras nervosas responsáveis pela nocicepção. Provoca também estimulação muscular, vasodilatação, redução de edemas, entre outros.

Existem quatro tipos de TENS:

  1. Convencional;
  2. Acupuntural;
  3. Burst;
  4. Breve-intenso

Usualmente são utilizados para o manejo da dor causada por artrite, tendinite, luxações, etc.

Para modular os parâmetros dele, é preciso conhecer os principais mecanismos de dor, como a teoria das comportas. Essa teoria é a que declara que a percepção de dor “concorre” com a percepção tátil.

Então a informação álgica que chega ao cérebro, “compete” com a informação de sensação por fibras nervosas de diferentes calibres. Para ativar esse mecanismo é preciso utilizar alta frequência e baixa intensidade.

E, de quebra, o TENS gera um pós-efeito de liberação de opioides endógenos. Eles são hormônios que quando liberados aliviam a dor.

Uma limitação dessa corrente é sua contraindicação em gestantes, em mulheres lactantes e pacientes com marcapasso, dermatoses e cardiopatias.

E, mesmo para pacientes indicados, é preciso modular uma intensidade baixa em regiões próximas ao pescoço e à boca para evitar espasmos.

  • FES – Estimulação Elétrica Funcional

Essa corrente é indicada para treino muscular, pois produz contração das fibras por meio de estímulos de motoneurônios.

Consiste na aplicação de corrente elétrica de baixa frequência. Geralmente é bem tolerada.

É largamente utilizada em pacientes no pós-AVC crônico. Seus efeitos também são de auxílio ao controle motor voluntário, redução temporária da espasticidade e melhora do retorno venoso.

Entretanto, esse recurso também tem suas contraindicações: gestantes (região uterina), portadores de marcapasso, pacientes com Doença Vascular Periférica e Câncer, entre outros.

  • Corrente Russa

Também utilizada no treinamento muscular. Consiste na aplicação de trens de pulso de corrente contínua.

É uma corrente forte, nem sempre muito bem tolerada pelos pacientes.

  • Corrente Australiana ou Aussie

Pode ser utilizada para relaxamento e fortalecimento musculares.

Possui vantagens sobre vários métodos de estimulação (Russa, Interferencial, TENS e FES) porque produz um estímulo de onda mais confortável que várias formas tradicionais de estimulação.

  • Ondas curtas

Possui o objetivo de aquecer os tecidos mais profundos por meio da aplicação de energia eletromagnética de ondas curtas.

Aumenta a elasticidade de tecidos moles e reduz a dor.

  • Laser

Laser, na verdade, é o nome do aparelho que produz uma luz monocromática colimada e coerente, constituída de ondas eletromagnéticas formadas por fótons.

Suas indicações incluem redução do processo inflamatório, redução da dor e reparação tecidual.

  • Ultrassom

Aplicação de ondas sonoras com frequências acima do que o ouvido humano consegue captar.

Ao penetrar nos tecidos orgânicos ajuda no manejo da dor e na resolução do processo inflamatório.

Existem Outras Modalidades de Eletroterapia

Existem ainda outras modalidades de eletroterapia, todas com aplicações e propriedades distintas bem como indicações e contraindicações diferentes.

O profissional interessado deverá buscar conhecimento para poder oferecer mais opções de tratamento para o paciente e diluir o custo dos equipamentos existentes na clínica.

A Eletroterapia é Realmente Eficaz?

A eficácia da eletroterapia depende muito mais do conhecimento e da competência do profissional que a aplica, tanto na tomada de decisão quanto na aplicação da técnica em si.

As correntes possuem indicações e fins específicos a serem considerados na hora da prescrição.

Aderindo à Eletroterapia

O profissional precisa conhecer a patologia, assim como conhecer o mecanismo da estimulação elétrica, para que ele possa escolher o tipo de corrente mais segura e eficaz no tratamento do paciente.

Muitas vezes o profissional está subutilizando um equipamento que já existe na sua clínica e que poderia oferecer mais opções eficientes de tratamento.

Por não dominar completamente os outros tipos de correntes, deixa de usar uma ferramenta cujo custo já foi absorvido pela clínica e que está à sua disposição.

A eletroterapia pode sim não trazer nenhum benefício para o paciente, assim como qualquer outra técnica mal-empregada.

Porém, se utilizada da forma correta, com base nas melhores evidências científicas, a eletroterapia é uma poderosa aliada do fisioterapeuta no tratamento de diversas patologias e disfunções, podendo gerar inúmeros benefícios.

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