Quais os verdadeiros efeitos das correntes que você usa no seu paciente?

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Eletroterapia – Princípios fisiológicos
Agora que possuímos os conceitos básicos de eletricidade (neste post), e de suas correntes (neste outro post), estamos prontos para estudar as correntes eletroterapêuticas e seus efeitos no organismo biológico.

Os recursos físicos utilizados em eletroterapia são divididos em dois grupos:

  1. Agentes que promovem ação direta de uma corrente elétrica no organismo (eletroterapia propriamente dita);
  2. E agentes que usam da energia elétrica para sua geração, como campos magnéticos, vibrações, radiações, etc.

As correntes utilizadas em eletroterapia são basicamente de três tipos:

  • Corrente contínua:

Esse tipo de corrente possui fluxo unidirecional de moléculas carregadas, sem interrupções, e continua enquanto houver diferença de carga entre os dois pólos do circuito. Convencionalmente, uma corrente flui sempre do pólo positivo para o pólo negativo. Em um circuito simples, uma corrente contínua é produzida através da aplicação de uma voltagem fixa em um condutor de resistência fixa.

  • Corrente alternada:

Definida como o fluxo bidirecional contínuo de partículas carregadas. O movimento das partículas oscila, ora movendo-se em uma direção, ora na outra, pois a polaridade do circuito é periodicamente modificada.

As correntes elétricas alternadas são caracterizadas pela sua frequência, expressa em Hertz (Hz), e pela amplitude do movimento dos íons.

As correntes alternadas têm diversas aplicações em eletroterapia, sendo o mais comum deles através de correntes interferenciais, utilizadas no tratamento da dor.

  • Corrente pulsada:

A corrente pulsada, também chamada de corrente interrompida, é a corrente que possui fluxo uni ou bidirecional, ou seja, pode tanto ser uma corrente contínua como uma corrente alternada, na qual esse fluxo cessa intermitentemente.

A corrente pulsada é caracterizada por unidades de corrente, chamadas de pulso. Um pulso único é definido como um evento elétrico isolado separado por um tempo finito do próximo evento.

Quando uma voltagem fixa é aplicada a um circuito elétrico de resistência também fixa, uma corrente unidirecional é produzida, como vimos anteriormente. Se esse circuito for fechado por um tempo determinado, e aberto novamente, o movimento das partículas carregadas irá ser intermitente, ou seja, parar e continuar, constituindo uma corrente pulsada. Nesse caso, como o fluxo é unidirecional, temos a corrente pulsada monofásica.

Por outro lado, quando temos uma corrente alternada aplicada a um circuito simples, e temos também a interrupção dessa voltagem em intervalos de tempo definidos, temos uma corrente pulsada, nesse caso, bidirecional, como é característica da corrente alternada. A esse tipo de corrente se dá o nome de corrente pulsada bifásica.

A corrente pulsada pode ser descrita de várias formas diferentes, dependendo de suas características.

Como já dissemos, o pulso da corrente pulsada pode ser monofásico, quando possui apenas uma direção, ou bifásico, quando possui duas direções.

Fases da corrente

O pulso bifásico pode ser, ainda, simétrico ou assimétrico. No pulso bifásico simétrico, um pulso é a imagem espelho do outro pulso, enquanto na corrente bifásica assimétrica, temos uma diferença entre as duas fases do pulso. As ondas bifásicas assimétricas podem ainda variar em magnitude e em tempo, e se a carga total da corrente for a mesma nos dois pulsos, é chamada de equilibrada. No entanto, quando a magnitude total da corrente não for a mesma, as ondas são então chamadas de bifásicas desequilibradas.

Corrente - SimetriaCorrentes - Variações

Do ponto de vista clínico, o uso de ondas bifásicas assimétricas pode gerar diferenças na sensação da estimulação pelo paciente, podendo modificar a tolerância à terapia aplicada.

Existem ainda ondas com três fases diferentes, chamadas trifásicas, e ainda ondas com mais do que três fases, denominadas polifásicas.

Agora, chegamos ao tópico mais importante para quem quer de fato entender de prescrição de eletroterapia. O que construímos até aqui foram os conceitos básicos para que o fisioterapeuta possa ter a compreensão dos verdadeiros efeitos da corrente que está aplicando no paciente, e para que possa prescrever o tipo de corrente, bem como seus parâmetros terapêuticos, de forma embasada.

 

Modulações de corrente:

Para a prescrição da estimulação elétrica terapêutica, o fisioterapeuta lança mão de características da corrente como amplitude e tempo de aplicação, modificando-as a fim de atender as necessidades clinicas de cada paciente.

As mudanças nessas características podem ser seqüenciais, intermitentes ou variáveis, e são chamadas de modulações.

– Modulações de amplitude: mudanças na amplitude pico de ondas ou série de pulsos.

– Modulações de duração de pulso ou de fase: mudanças no tempo de cada pulso, e do tempo de duração de uma série de pulsos.

– Modulações de frequência: mudanças em relação ao número de pulsos aplicados pelo tempo de terapia.

– Modulação em rampa: aumento ou declínio da amplitude de um pulso, de sua duração, ou de ambos, ao longo do tempo.Correntes Amplitude

Agora que entendemos os conceitos básicos de eletroterapia e os princípios que norteiam a atuação fisiológica da aplicação de correntes elétricas em organismos biológicos, estamos prontos para falar de eletroterapia propriamente dita, e de suas aplicações terapêuticas.

Fique ligado em nosso portal, pois logo falaremos sobre um elemento fundamental para a aplicação da eletroterapia: eletrodos!

Você pode conferir abaixo, nossos outros posts sobre eletroterapia:

 

REFERÊNCIAS:

TURRELL, W J. PRINCIPLES OF ELECTROTHERAPY : and their practical application (classic reprint). [S.l.]: FORGOTTEN BOOKS, 2015. Disponível em: <https://www.forgottenbooks.com/en/books/ThePrinciplesofElectrotherapy_10312964>. Acesso em: 4 out. 2017. .9781332315413.

KITCHEN, Sheila. Eletroterapia : Prática Baseada em Evidências. 2003. 2ª Edição. Barueri, São Paulo. 8520414532.

Watson, T (2000) The role of physiotherapy in contemporary physiotherapy practice. Manual Therapy 5(3): 132-141.

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